O Governo angolano realizou, em Luanda, a Bolsa Internacional de Turismo de Angola (Bitur), um evento de promoção do turismo, que reuniu empresas, operadores, investidores e profissionais do setor para o fomento de negócios, ‘networking’ e experiências culturais.
Jorge Loureiro, da Marave Indústria de Confeções, empresa presente em Angola há cerca de 40 anos, participou na feira para dar a conhecer ao público, em particular ao setor dos hotéis, os seus produtos.
Há cerca de dez anos, a empresa montou uma fábrica na comarca de Viana, fornecendo a hotéis e outras empresas uniformes, roupas de banho e cama.
Para o empresário, o turismo em Angola é “um diamante ainda por burilar”, com matéria-prima suficiente para alavancar esta “indústria fantástica”, que pode trazer “enormes mais-valias para o país”.
“Quando há vontade política os resultados aparecem, só que não aparecem naquele espaço de tempo que nós precisamos ou que queremos as coisas, a inércia é muito grande”, frisou Jorge Loureiro, em declarações à Lusa.
Para o presidente da Associação dos Hotéis e Resorts de Angola, Ramiro Barreira, o setor ainda apresenta necessidades, essencialmente “o bom ambiente de negócios”, a nível da política económica, e do financiamento.
“Nós precisamos que o nosso setor seja financiado com créditos que, de facto, ajudem o crescimento das empresas, queríamos que aí pelo menos as taxas fossem muito baixas”, frisou. Ramiro Barreira defendeu a necessidade do Banco Nacional de Angola criar normas para financiamento, não só para a hotelaria, mas também agências de viagens e operadores turísticos, para ajudar no crescimento das empresas. “Achamos que estamos no bom caminho.
Esta bolsa de valores ainda peca pela sua pequenez, mas é uma boa iniciativa que temos que felicitar, porque é o início de um projeto”, realçou. O líder da associação destacou que na hotelaria é preciso aumentar o número de clientes, atendendo ao facto de as taxas de ocupação serem ainda “muito baixas em determinadas zonas do país”, incluindo Luanda (...), com uma média de 38%”, sendo necessário “atingir rapidamente os 60%”.
Sobre o capital humano, Ramiro Barreira disse que o setor possui “muitos quadros neste momento”, mas que se encontram noutras áreas que não a sua de formação, porque o turismo não tem “capital financeiro para lhes pagar e criar condições”. Agnelo António, guia turístico há oito anos, trabalha para a Go Tours, tendo já participado em dezenas de excursões nas províncias de Luanda, Namibe, Huíla e Malanje.
De acordo com Agnelo António, as províncias de Luanda e Malanje são as mais visitadas por turistas, mas também o Namibe se está a popularizar devido “aos seus pontos interessantes”, como as Praias do Piambo, do Soba e os Arcos, faltando publicidade a outros pontos turísticos.
O operador, que se formou em Angola, há sete anos, disse que existem poucos guias turísticos profissionais, destacando que o turismo, anteriormente dominado por estrangeiros, sobretudo portugueses, brasileiros e cubanos, vem crescendo há dois anos.
A falta de conteúdo histórico é um dos obstáculos à sua profissão, segundo Agnelo António, frisando que muitas vezes os turistas chegam a questionar as histórias que contam sobre os locais visitados, sendo também de opinião que é preciso definir rotas para os turistas.
Já Mário António, da Go Tours, considerou que o turismo em Angola se desenvolveu muito, mas que há ainda problemas com os custos de transporte terrestre e aéreo, que elevam os preços dos pacotes turísticos, defendendo a necessidade de o Governo analisar com as empresas de transporte a possibilidade de um reajuste dos preços para os operadores do setor.