João Lourenço discursava pela primeira vez como chefe de Estado, na sequência das eleições gerais de agosto, nas cerimónias oficiais do dia da independência angolana, proclamada a 11 de novembro de 1975, que este ano decorreram no município da Matala, próximo do Lubango, capital da província da Huíla, no sul.
Na intervenção, recordou as "metas traçadas" durante a campanha eleitoral e as medidas anunciadas no ato investidura como Presidente da República e na mensagem sobre o Estado da nação, no parlamento, assegurando que "são para serem encaradas com a devida seriedade e responsabilidade".
"Sei que existem inúmeros obstáculos no caminho que pretendemos percorrer, mas temos de reagir e mobilizar todas as energias para que esse cumprimento se efetive nos prazos definidos", apontou.
Retomou o apelo à "honestidade e competência" dos "melhores quadros" do país no processo de desenvolvimento nacional, mas apenas os têm a "vontade" de "bem servir o país".
"Precisamos ao mesmo tempo de neutralizar ou reduzir a influência nefasta dos que apenas se preocupam em se servir a si mesmo, descurando a necessidade da defesa do bem comum", alertou João Lourenço.
Na intervenção de hoje, a propósito do 42.º aniversário da proclamação da independência de Angola, e com o país mergulhado numa profunda crise financeira, económica e cambial, devido à prolongada baixa da cotação do petróleo, o Presidente angolano destacou que a "grande batalha" é agora a do desenvolvimento da economia e da "melhor distribuição da renda nacional".
"Que será igualmente árdua e merecerá por isso muita inteligência, dedicação ao estudo e ao trabalho, disciplina, mas sobretudo coragem para se tomarem as medidas de reformas que se impõe. É imprescindível pensarmos em abrir e diversificar a nossa economia, e sem abdicar de mantermos o petróleo num lugar importante que lhe cabe, exploramos ao máximo os enormes e variados recursos naturais de que o país dispõe", disse.
A 26 de setembro, no seu discurso de investidura, pouco depois de receber o poder de José Eduardo dos Santos, chefe de Estado desde 1979, João Lourenço prometeu que o combate ao crime económico e à corrupção será uma "importante frente de luta" e a "ter seriamente em conta" no mandato de cinco anos que agora inicia.
"A corrupção e a impunidade têm um impacto negativo direto na capacidade do Estado e dos seus agentes executarem qualquer programa de governação. Exorto por isso todo o nosso povo a trabalhar em conjunto para estripar esse mal que ameaça seriamente os alicerces da nossa sociedade", afirmou João Lourenço, perante uma forte ovação popular.
Desde que assumiu o poder, João Lourenço já exonerou a administração de várias empresas públicas, algumas das quais nomeadas meses antes das eleições por José Eduardo dos Santos, que continua como presidente do MPLA, partido vencedor das eleições gerais de agosto.
No discurso de hoje, João Lourenço recordou tratar-se de um regresso à província da Huíla, onde em fevereiro fez a sua primeira apresentação como, então, cabeça-de-lista do MPLA às eleições gerais, as quais, afirmou, permitiram a "conquista do coração dos angolanos e consequentemente a cadeira presidencial".
"Agradeço terem correspondido aos apelos por mim feitos, durante a campanha eleitoral, dando-me com grande maioria o direito e o dever de conduzir os destinos da nação angolana durante os próximos cinco anos, em conformidade com o programa de Governo 2017/2022, previamente anunciado pelo partido vencedor das eleições".
"Tive a ocasião de referir que juntos construiremos um futuro melhor para Angola. Para tal, conto com o apoio de todos, sem exclusão de ninguém e sem distinções de origem, género, etnia, credo religioso ou filiação partidária", enfatizou.