UNITA pede a João Lourenço um "diagnóstico real" do país no discurso sobre o Estado na Nação
João Lourenço vai discursar, segunda-feira, na Assembleia Nacional sobre o Estado da Nação, na abertura da segunda sessão legislativa da IV legislatura, imperativo legal, que já cumpriu o ano passado, cerca de um mês depois de ter assumido a Presidência do país.
Numa declaração enviada à agência Lusa, o líder da bancada parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto da Costa Júnior, afirma que o discurso do Presidente angolano deve "esclarecer" a nação e mobilizá-la "para os desafios dos próximos 12 meses".
"Não esperamos ouvir mais uma vez um discurso de promessas, todo ele, moldado pelo novo GRECIMA - gabinete de propaganda institucional", refere Adalberto da Costa Júnior.
O grupo parlamentar da UNITA espera que João Lourenço dirija aos deputados, e a todos os angolanos, "orientações estratégicas para a construção do futuro, um futuro mais nacional e menos partidário".
"Esperamos ouvi-lo partilhar dados estatísticos reais (o que não tem acontecido, sendo que os números aparecem muitas vezes trabalhados) sobre o crescimento económico, sobre o PIB (Produto Interno Bruto), sobre a inflação, sobre o crescimento da população (que é superior ao crescimento económico), sobre a pobreza (que aumentou, infelizmente), sobre os programas para a juventude para o empoderamento da mulher", disse.
Adalberto da Costa Júnior considerou também importante que o chefe de Estado angolano partilhe com os angolanos "o valor real da dívida pública, bem como o valor real da dívida para com a China".
Na lista de preocupações, o dirigente da UNITA pediu também uma resposta à manifestação governamental de alguma abertura "para uma revisão da Constituição que permita a eleição direta do Presidente da República e torne mais democráticos os processos eleitorais".
Sobre as futuras primeiras eleições autárquicas, previstas para 2020, o grupo parlamentar do maior partido da oposição angolana "gostaria" que João Lourenço anunciasse que, por auscultação dos cidadãos, as autarquias sejam criadas simultaneamente em todo o território nacional, o principal ponto de divergência entre Governo, oposição e alguns setores da sociedade civil.
No sentido de ajudar o Presidente angolano, o grupo parlamentar da UNITA enumerou a necessidade de um "rigoroso inventário do património do Estado, o que irá "dificultar e impedir os desvios e os constantes atentados ao património público" e o fim da desvalorização contínua do kwanza, moeda nacional.
Adalberto da Costa Júnior pediu também esclarecimentos sobre a situação dos professores, para impedir uma "greve à vista no final do ano letivo", sobre as medidas de incentivo aos agricultores e o destino do diferencial do petróleo, fora do Orçamento Geral do Estado.