Em conferência de imprensa, o governador do BNA, José de lima Massano, afirmou que foram detetadas "deficiências no modelo de governação", com "riscos que eram grandes e foram mal geridos".
Além disso, a "reposição do capital social não foi avançada pelos acionistas", disse o governador, salientando que a decisão de revogar a licença bancária foi tomada numa reunião extraordinário do BNA, a 29 de janeiro.
Os "depósitos estarão garantidos e serão devolvidos aos clientes assim que a Procuradoria-Geral da República, para onde o BNA remeteu processo, emitir acórdão em que dará ao próprio BNA a comissão liquidatária", acrescentou o governador.
Este é o terceiro banco a ter a licença revogada, após o Banco Mais e o Banco Postal.
O BANC tem como principal acionista Kundi Paihama, um dos generais de topo em Angola, antigo ministro da Defesa e ex-governador da província do Cunene.
A notícia do encerramento do terceiro banco em Angola em cerca de um mês acontece no mesmo dia em que a agência de notação financeira Fitch emitiu uma Opinião de Crédito sobre o setor, considerando que as reformas para melhorar a banca no país já estão a começar a mostrar resultados, mas o setor deve continuar fraco e fragmentado nos próximos anos.
"O fecho de dois bancos angolanos que não conseguiram cumprir os rácios de capital mostra que as reformas para lidar com a fraqueza do sistema bancário angolano estão a começar a ter um impacto", lê-se no documento, que defende que o fecho de bancos "pode ser positivo para a qualidade geral do crédito no setor, uma vez que removem os bancos mais pequenos e mais fracos, reduzindo a pressão da concorrência nos outros bancos".
Angola tem mais de 20 bancos em funcionamento, com os principais sete a controlarem mais de 80% dos depósitos, "mas o resto do setor inclui um grande número de bancos com uma escala mínima", acrescentam os analistas, lembrando dados que apontam para um nível de crédito malparado, ou seja, em que os clientes não pagam os empréstimos, de quase 30%.
Há cerca de duas semanas, o Governo lamentou o nível "manifestamente baixo" do peso do crédito bancário ao setor privado em relação ao PIB, que se situa em torno dos 14%, e apelou à banca comercial para conceder maiores financiamento às empresas.
O quadro foi apresentado pelo ministro de Estado e do Desenvolvimento Económico e Social angolano, Manuel Nunes Júnior, ao abrir a conferência sobre Financiamento ao Setor Privado, promovida pelo Banco Nacional de Angola (BNA), em Luanda, comparando a situação angolana com outras economias de países de rendimento médio, como Brasil, África do Sul e Marrocos, onde a taxa é superior a 50%.
"Isto significa que ainda existe muito espaço para o crescimento do financiamento dos nossos bancos à economia do país", sublinhou então Nunes Júnior, perante uma plateia dominada por presidentes de quase todos os bancos comerciais em Angola e dezenas de empresários.