Numa nota oficial, a Casa Civil do Presidente angolano refere que esta foi a conclusão que saiu da reunião que o chefe de Estado angolano, João Lourenço, manteve, de manhã, com a equipa económica do Governo, que decorreu à porta fechada e sem declarações à imprensa, apesar de os jornalistas terem sido convocados para o local.
"Da análise feita, concluiu-se ter havido falta de diálogo e comunicação entre a Sonangol e as diferentes instituições do Estado, o que terá contribuído negativamente no processo de importação de combustíveis. Foram, no entanto, tomadas as medidas e mobilizados todos os recursos necessários para a completa estabilização do mercado de abastecimento dos combustíveis nos próximos dias", lê-se na nota.
"Apela-se à compreensão dos utentes e da população em geral, não obstante reconhecermos os constrangimentos a que estão sujeitos com a situação criada", termina a curta nota sobre a reunião, que durou cerca de hora e meia.
No encontro com João Lourenço participaram os ministros angolanos de Estado para o Desenvolvimento Económico e Social, de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente, da Energia e Águas, dos Recursos Minerais e Petróleos, e das Finanças, o Governador do Banco Nacional de Angola (BNA) e o presidente da Sonangol.
Fonte oficial disse hoje à Lusa que o Presidente da República de Angola, João Lourenço, está "agastado" com a crise de combustíveis no país, situação que motivou a realização da reunião de hoje na sequência de uma outra realizada na segunda-feira.
A falta de combustíveis, que está a afetar todo o país desde a passada sexta-feira, vai gradualmente paralisando todos os setores produtivos em Angola e está a originar graves problemas de energia, sobretudo nas províncias do interior, dependentes do combustível para fornecer eletricidade.
Num comunicado divulgado no sábado, o único até agora emitido pela Sonangol EP, principal distribuidora de combustível angolana, justificou a escassez de gasolina e de gasóleo com dificuldades no pagamento dos produtos refinados importados em moeda estrangeira, prometendo que, em breve, a situação estaria ultrapassada.
A falta de combustíveis em Angola, acrescentou a fonte, foi, aliás, assunto abordado segunda-feira por João Lourenço num encontro que decorreu no Palácio Presidencial, na Cidade Alta, em Luanda, em que exigiu um "relatório pormenorizado" sobre a situação, que irá ser entregue hoje.
No encontro estiveram presentes os ministros angolanos dos Recursos Minerais e Petróleos, da Energia e Águas, e das Finanças, bem como o governador do Banco Nacional de Angola e o presidente do Conselho de Administração da companhia petrolífera angolana Sonangol, entidades encarregadas de elaborar o relatório.
A falta de combustíveis em Angola, que começaram a rarear na passada sexta-feira, levou ao disparar dos preços do litro de gasolina e gasóleo um pouco por todo ao país, atingindo, nalguns casos quase o quádruplo.
Em Luanda, grande parte dos postos de combustíveis das diferentes empresas de abastecimento estava encerrada, enquanto as abertas contam com grandes filas de automóveis ligeiros, veículos de transporte de mercadorias, táxis, motociclos e jovens com dezenas e dezenas de bidões que, depois de o adquirirem ao preço oficial, vão vendê-lo mais caro nos bairros periféricos.
Isso mesmo foi confirmado segunda-feira à Lusa por um punhado de jovens que aguardou, num posto de combustíveis de uma das principais artérias de Luanda, a Avenida Ho Chi Min, quase sete horas para encher inúmeros bidões de 30 a 50 litros que colocaram numa carrinha de caixa aberta, estacionada mais à frente.
Um litro de gasolina em Angola custa, oficialmente, 160 kwanzas (0,44 euros), enquanto o de gasóleo ascende a 135 kwanzas (0,37 euros), números que os jovens garantiram à Lusa conseguirem duplicar, triplicar e, nalguns casos mesmo, quadruplicar no mercado paralelo.
Sábado, no comunicado, a Sonangol EP, garantiu que a situação será ultrapassada em breve, havendo a perspetiva de regularização até quarta-feira.
No entanto, apenas uma percentagem reduzida dos milhares de postos de combustíveis existentes em Angola está a receber combustível, com as centrais elétricas nas províncias do centro e sul do país a encurtarem os períodos de distribuição de energia elétrica, admitindo o risco de "total apagão".