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Sonangol vai continuar a ser uma empresa "opaca e ineficiente" - Consultora

Post by: 17 Novembro, 2017

Os analistas consideram que a exoneração de Isabel do Santos "marca a primeira movimentação política direta contra Eduardo dos Santos", mas não esperam mais mudanças

A consultora BMI Research considerou hoje que a Sonangol deverá continuar a ser uma empresa "opaca e ineficiente" apesar da substituição de Isabel dos Santos por Carlos Saturnino, e antecipa que Angola continuará a ser um 'petro-Estado'.

"Prevemos que a Sonangol vá continuar a ser uma instituição opaca e ineficiente no curto a médio prazo, com diversas companhias petrolíferas internacionais a não trabalharem com a petrolífera estatal", escreveram os analistas desta consultora do grupo Fitch.

Na nota de comentário à saída de Isabel dos Santos, enviada hoje aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que a exoneração, decretada pelo Presidente de Angola, João Lourenço, "marca a primeira movimentação política direta contra Eduardo dos Santos", mas salientam que não esperam mais mudanças.

"Não esperamos que isto signifique grandes desafios ao modelo de petro-Estado desenvolvido pelo seu antecessor, e também não vemos qualquer momento reformista nestas mudanças de pessoas", acrescentam.

A visão desta consultora sobre a Sonangol explica-se porque "a empresa não tem mostrado vontade e tem feito um progresso lento para ser mais transparente e cumprir os padrões de governação".

Os analistas apontam como "outra barreira ao investimento" o facto de a Sonangol continuar "fortemente endividada com problemas de liquidez intermitentes".

No entanto, os analistas notam que a empresa terá reduzido a dívida, de 13,6 mil milhões de dólares no final de 2015, para 9,8 mil milhões no final de 2016, a que se junta uma nova redução de três mil milhões, "mas os atuais problemas de pagamento às companhias petrolíferas internacionais que operam em Angola causam preocupações sobre o cumprimento das metas de redução da dívida".

Estas disputas com as petrolíferas, conclui a BMI Research, "vão continuar a dissuadir novos investimentos no setor, que precisa desesperadamente de impedir novos declínios nos poços petrolíferos"

Angola é atualmente o segundo maior produtor de petróleo em África, atrás da Nigéria, com 1,6 milhões de barris de petróleo, produto que tem um peso de mais de 95% nas exportações angolanas.

O até agora secretário de Estado dos Petróleos, Carlos Saturnino, foi nomeado como novo presidente do conselho de administração da Sonangol.

Para lhe suceder no Governo, o chefe de Estado empossou hoje Paulino Jerónimo, que até setembro foi presidente da comissão executiva da petrolífera.

O ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, exonerou, por decreto que entrou em vigor a 26 de setembro, dia em que tomou posse o novo chefe de Estado, João Lourenço, três administradores executivos da Sonangol, incluindo Paulino Jerónimo, então presidente da comissão executiva.

Já Carlos Saturnino, que agora passa a liderar o maior grupo angolano, totalmente público, foi até dezembro de 2016 presidente da comissão executiva da Sonangol Pesquisa & Produção, tendo sido demitido por Isabel dos Santos, com a acusação de má gestão e de graves desvios financeiros.

A empresária Isabel dos Santos, a filha mais velha de José Eduardo dos Santos, foi nomeada para presidente do conselho de administração da Sonangol pelo pai em junho de 2016, na altura com a tarefa de assegurar a reestruturação da petrolífera estatal angolana.

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