Segundo um despacho de 14 de março do Ministério da Indústria, a que a Lusa teve hoje acesso, a decisão, de fixar uma "quota zero" para a exportação de sucata no ano económico de 2018 justifica-se com o "crescimento da indústria siderúrgica nacional", que "exige cada vez mais [matéria-prima] e em maiores quantidades".
A medida justifica-se também, lê-se no mesmo despacho, "tendo em conta que a exportação da sucata pelos agentes económicos, à margem das normas estabelecidas, constitui ameaça séria ao crescimento que se vem registando" no setor da indústria nacional, "com efeitos nocivos a médio prazo para o país".
A proibição de exportação de sucata, relativa a 2017, foi anunciada pela ministra Bernarda Martins, em julho, num encontro com operadores nacionais, tendo tornado público, na mesma ocasião, a realização de um estudo para o levantamento das quantidades de sucata no país.
"Nós tomámos a decisão de estabelecer quota zero para a exportação de sucata no sentido de preservarmos as nossas reservas para alimentarmos as nossas indústrias", disse a ministra.
A governante salientou que o país tem sucata de vários tipos, mas é necessário que se identifique a que existe em maior quantidade.
"Precisamos de conhecê-la de facto, hoje a sucata que mais temos no país, ao que parece, é a sucata marítima", apontou a ministra, adiantando que o estudo que deverá ser feito visa também traçar perspetivas futuras.
As necessidades angolanas de sucata eram reduzidas até 2016, face à produção limitada das três pequenas empresas de transformação que funcionavam no país.
Com a entrada em funcionamento da Aceria de Angola (ADA), um investimento concluído em dezembro de 2015, avaliado em 260 milhões de euros e com capacidade de produção de 300 mil toneladas anuais de varão de aço para construção, tem havido um aumento da recolha de sucatas e oportunidades de negócio de venda, de acordo com o Governo angolano.
Em 2016, o Ministério da Indústria decretou igualmente a proibição de exportação de sucata para garantir as necessidades das siderurgias que funcionam no país, superiores a 600.000 toneladas por ano.