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Despedidos da Soares da Costa reclamam salários em atraso, empresa 'culpa' Angola

Post by: 30 Mai, 2018

Cerca de 50 trabalhadores despedidos da Soares da Costa concentraram-se hoje, no Porto, para reclamar o pagamento dos salários, com a empresa a justificar o atraso com as verbas retidas em Angola por dificuldades de transferências internacionais.

Diante das instalações da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), os antigos funcionários da empresa reclamaram o facto de, "passados 90 dias sobre a homologação do Processo Especial de Revitalização (PER) II, os salários continuarem sem ser pagos".

A denúncia partiu do dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE Norte) Manuel Almeida que, em declarações à agência Lusa, explicou que, conseguido o PER, "a empresa apenas está a pagar aos 70 [trabalhadores] que continuam a laborar".

"Passados 90 dias, [a empresa] paga apenas aos trabalhadores que estão a trabalhar, enquanto os outros 400 continuam sem receber", acrescentou.

Fonte oficial da Soares da Costa, em declarações à Lusa, reconheceu os atrasos, justificando-os com a "dificuldade de transferência de dólares de Angola para Portugal".

"A situação não está nas mãos da empresa no sentido de que existem em Angola os valores para fazer esses pagamentos, mas não há possibilidade de fazer essas transferências internacionais porque não há dólares em Angola", acrescentou.

E prosseguiu: "Assim que esse problema for ultrapassado, cá será feito o mesmo. É verdade que os trabalhadores estão a passar uma situação difícil, que é lamentável, mas é o que é e não se pode ultrapassar facilmente este estado de coisas".

Segundo Manuel Almeida, "há trabalhadores sem receber há 10, 12, 20 meses, há até um que tem 22 meses de salários em atraso", argumentando que a "ACT e o Governo têm de resolver este problema".

"Se o PER foi aprovado, se há impugnações e acordos com a empresa Soares da Costa por que é que a empresa não consegue pagar os salários?", questionou o sindicalista.

Álvaro Figueiredo soma 45 anos de descontos, num percurso laboral que o fez funcionário da Soares da Costa durante 43 anos, saindo em 2016 "quando a empresa começou a dar sinais de que algo não estava bem".

"Tenho quatro meses de salários em atraso, sendo que em julho de 2016 fui obrigado a rescindir contrato, pelo que não são apenas os salários, espero também pela indemnização da empresa", esclareceu.

Prevendo reformar-se em março de 2019, disse à Lusa "conhecer os casos mais graves", relatando situações de colegas "com o mesmo tempo de casa" que "ficaram sem apartamento e carro, vivendo alguns com a ajuda das famílias".

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