De acordo com o 'Africa Investment Risk Report 2019', enviado aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, Angola, que aparece novamente na lista, desta vez em segundo lugar a seguir à Etiópia, quando no ano passado tinha estado em primeiro, é apresentada como um país cuja "economia vai recuperar em 2019 com a perspetiva de aumento dos níveis de produção de petróleo e apoio financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI)".
O programa de 3,7 mil milhões de dólares aprovado pelo Fundo vai "acrescentar legitimidade à trajetória reformista do Presidente João Lourenço", o que fará com que, "aumentando o cumprimento das condições macroeconómicas e de abordagem às políticas, o otimismo do mercado face a uma já de si promissora economia angolana, deve melhorar ainda mais".
O início da recuperação económica em Angola vai beneficiar da presença do FMI para garantir políticas favoráveis ao mercado, "que vão facilitar o ambiente de negócios, que por sua vez levará a mais investimento e expansão, de um ponto de vista geral".
Há, apontam os analistas, "oportunidades imediatas para o setor do petróleo e gás em Angola nas rondas de licitação deste ano, que são passos concretos para reverter a tendência decrescente de produção".
Apesar da opinião positiva, a EXX Africa aponta também alguns riscos a médio prazo, nomeadamente as "dívidas massivas" da companhia nacional de petróleo, a Sonangol, e do setor bancário, que continua "exposto politicamente".
Os bancos, afirmam, "precisam urgentemente de uma ronda de consolidação para melhorar a qualidade dos ativos e os riscos sobre a moeda externa", notando que "com a dívida pública em cerca de 70% do PIB, o crédito interno é agora crucial para o financiamento do Estado".
Outro dos riscos apontados por esta consultora tem a ver com a política contra a corrupção e favorável à liberalização económica: "Apesar de a política altamente popular de combate à corrupção e promoção de uma plataforma de liberalização económica ser dirigida para a diluição do domínio da antiga elite política e económica, os projetos de infraestrutura vão estar em risco de cancelamento ou revisão", concluem os analistas.
Questionado pela Lusa sobre a razão de os projetos poderem ser adiados, o diretor da EXX Africa, Robert Besseling, lembrou que "o Presidente Lourenço começou a desbastar o domínio económico e político da família Dos Santos, ao abrigo da bandeira muito popular da plataforma anticorrupção e liberalização económica".
Com a saída de Isabel dos Santos da Sonangol, "a pressão para outros membros e apoiantes da família dos Santos abandonarem os seus monopólios voluntariamente ou enfrentarem intervenção estatal vai avolumar-se".
No setor da construção, aponta o diretor da consultora EXX Africa, "há grandes projetos de infraestruturas, como o aeroporto internacional de Luanda, o projeto do porto de Caio ou a hidroelétrica Caculo Cabaça, que deverão sofrer alterações de contratos por parte do Estado e riscos reputacionais para os empreiteiros, bem como prováveis atrasos, já que os acordos assinados pela família Dos Santos estão a ser reexaminados pelo atual Governo".