"Temos de garantir que diversificamos a nossa economia e quebramos a nossa dependência do petróleo, crescendo de forma inclusiva, com mais empregos, mais coleta de impostos e aumentamos a nossa capacidade de pedir menos linhas de financiamento, mesmo que seja a nível concessional, e se isso acontecer as taxas de juro baixam", disse Vera Daves de Sousa.
Durante uma conversa com o presidente do Banco Mundial, David Malpass, no âmbito dos Encontros da Primavera do banco e do Fundo Monetário Internacional, a ministra das Finanças de Angola abriu a discussão no painel sobre 'Repensar a Dívida: Financiando o Futuro numa crise' e admitiu enormes dificuldades económicas.
"Estávamos a sofrer com as consequências da pandemia, estávamos num ponto de partida difícil, com recessões durante tantos anos e a pandemia veio piorar a economia, que é muito dependente do petróleo, e por isso tudo o que afeta o petróleo afeta-nos muito duramente", disse Vera Daves de Sousa.
Lembrando as principais dificuldades dos últimos anos, em que Angola enfrentou crescimentos económicos negativos, prevendo o FMI que cresça 0,4% este ano e 2,4% em 2022, a ministra disse que foi preciso "trabalhar em diferentes frentes", elencando as reformas na receita, na despesa e na dívida, e sublinhando a "ajuda importante do Banco Mundial, FMI e a Iniciativa para a Suspensão da Dívida (DSSI), do G20, hoje alargada pela última vez até final deste ano.
"Isto foi muito útil e falámos com os principais credores para encontrar uma solução que nos permitisse ter espaço para respirar a médio prazo e libertar recursos financeiros para lidar com as necessidades sociais e dar apoio financeiro às famílias", acrescentou a governante.
Questionada sobre a evolução do montante de dívida pelo presidente do Banco Mundial, Vera Daves respondeu que houve um aumento da dívida externa em 18 mil milhões de dólares desde 2015, mas salientou que "se olharmos para o total da dívida, de 2017 até 2020 há um decréscimo de 88 mil milhões para 68 mil milhões de dólares, o que mostra que apesar de ainda termos desafios, estamos no bom caminho".
Para além disso, acrescentou, houve também "uma redução de 60% desde 2018 nas necessidades brutas de financiamento, através da expansão da base da coleta fiscal".
Vera Daves admitiu que ainda é preciso "melhorar a qualidade da despesa e construir confiança sobre os indicadores macroeconómicos e o empenho do Governo nas reformas para garantir que a perceção de risco do país diminui e que as taxas de juro desçam, o que é importante".
O FMI prevê que Angola saia da recessão este ano, crescendo 0,4% e acelere o crescimento para 2,4% em 2022, antecipando também uma redução da dívida pública para menos de 100% do PIB no próximo ano.