O documento assinado, quinta-feira no município de Lobito, província de Benguela, prevê a construção do referido centro, em cofinanciamento e por um consórcio holandês em parceria com o empresariado angolano, terá como objetivo armazenar, acondicionar, transformar e empacotar frutas e legumes a serem exportados para a Europa.
O conselheiro da embaixada do Reino dos Países Baixos em Angola, Marc Mazarac, citado pela agência noticiosa angolana, Angop, frisou que está disponível uma linha de até 60 milhões de Euros, suportada pela Agência de Investimentos Estrangeiros da Holanda, no âmbito do processo de cofinanciamento do projeto.
O memorando para assistência técnica e cofinanciamento para a implementação do centro agro-logístico prevê também a transferência de conhecimento e treinamento em certificação e boas práticas de tratamento, acondicionamento e embalagem de frutas e legumes para exportar para a Europa, com porta de entrada pelos Países Baixos.
“E o Lobito tem as mesmas condições, ou seja, é a porta de entrada e saída de muitos produtos para e de Angola, como também dos países encravados, como a RDC [República Democrática do Congo] e Zâmbia”, referiu Marc Mazarac.
O responsável frisou que o objetivo é que o centro venha a beneficiar o maior número possível de produtores, desde pequenos, médios e grandes, salientando que já foram realizadas visitas a oito fazendas de grande escala, que podem produzir para o Reino dos Países Baixos, mas a intenção é integrar também pequenos produtores.
Em declarações à Televisão Pública de Angola, o assessor económico da embaixada do Reino dos Países Baixos em Angola, Armindo Teuns, apontou a necessidade de trabalhar na logística e na sua eficiência, adotando padrões internacionais.
“Também temos que produzir mais, o volume de frutas não é nada suficiente para o mostro que é a Europa, com as suas necessidades e também temos que produzir melhor, as variedades certas e estamos prontos para ajudar, o centro logístico é uma parte do memorando, mas existe também o treinamento”, referiu.
Armindo Teuns considerou que um dos grandes desafios do projeto é a questão fitossanitária, porque “os produtos, frutas, para chegarem até ao mercado europeu têm que ter protocolos fitossanitários adequados e neste momento ainda não se verifica isso”.
“Quer dizer que algumas frutas não estão ainda adequadas para entrar porque falta ainda documentação fitossanitária”, frisou.
Por sua vez, o ministro dos Transportes de Angola, Ricardo de Abreu, que acompanhou o ato a partir de Luanda, capital de Angola, esta iniciativa vem sendo negociada desde 2018 está inserida na cooperação entre os dois países e visa a estratégia de desenvolvimento da rede nacional de plataformas logísticas.
Ricardo de Abreu pediu pragmatismo e compromisso para que ainda este ano se arranque com a construção do centro, lembrando que a União Europeia é o maior importador mundial destes produtos, com uma quota de mais de 40% do comércio mundial de frutas e vegetais, um negócio de mais de 25 mil milhões de dólares e um volume de produtos de mais de 18 milhões de toneladas, maioritariamente importadas de países em desenvolvimento em África e América latina.
“Passados mais de dois anos, foi concluído o estudo, tendo sido identificadas as oportunidades de desenvolvimento de cadeia de valor para a exportação de frutas a partir do Corredor do Lobito”, disse Ricardo de Abreu.