Inquérito a empresas angolanas indica conjuntura desfavorável no 1.º trimestre do ano

Post by: 03 Junho, 2021

O inquérito ao clima económico em Angola, no primeiro trimestre deste ano, divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revelou uma conjuntura desfavorável das empresas nos sete setores avaliados, mas com tendência positiva.

O inquérito sobre a Conjuntura Económica às Empresas no I trimestre de 2021, de 31 de maio, a que a Lusa teve hoje acesso apresenta o Indicador de Confiança (IC) dos setores do turismo, indústria extrativa, comércio, comunicação, construção, indústria transformadora e transportes.

O documento sublinha que a maior parte dos setores em análise apresentou uma conjuntura desfavorável às empresas, com tendência de evolução positiva.

“Os Indicadores de Confiança dos setores do turismo e da indústria transformadora, conservaram a tendência positiva do trimestre anterior, mas permaneceram abaixo da média da série. A conjuntura às empresas continuou desfavorável para ambos setores”, indica a pesquisa.

No que se refere ao turismo, o IC manteve a tendência ascendente do trimestre anterior, mas, ainda assim, continuou abaixo da média da série, tendo evoluído negativamente em relação ao período homólogo, “permanecendo deste modo, a conjuntura económica das empresas desfavorável”.

A tendência ascendente do indicador deveu-se ao bom comportamento de todas as variáveis que o compõem, mas, comparativamente ao trimestre homólogo, mais empresas registaram limitações nas suas atividades.

“A insuficiência da procura, as dificuldades financeiras e em encontrar pessoal qualificado, foram os principais constrangimentos. O excesso de burocracia e os preços de venda demasiado elevados, também constrangeram as empresas do setor”, aponta o inquérito.

Já nos setores de comunicação e dos transportes, os IC contrariaram a tendência descendente dos trimestres anteriores, mas permaneceram abaixo da média da série, sendo a conjuntura desfavorável às empresas para os dois setores.

No setor da comunicação, o IC contrariou a tendência descendente que o assolava há quatro trimestres consecutivos, contudo, evoluiu negativamente em comparação ao período homólogo e permaneceu abaixo da média da série.

A tendência positiva do indicador deveu-se à atividade atual e às perspetivas de procura dos serviços, tendo, quanto às limitações de atividades, menos empresas registado constrangimentos ao desenvolverem as suas ações, comparativamente ao mesmo período de 2020.

“A pouca procura e as dificuldades financeiras foram os principais constrangimentos. A concorrência, as dificuldades na obtenção de crédito bancário e o nível elevado das taxas de juros, também dificultaram as atividades das empresas do setor”, sublinha o documento.

Nos transportes, o IC evoluiu negativamente em comparação ao trimestre homólogo e permaneceu abaixo da média, pelo que a conjuntura continuou desfavorável às empresas transportadoras.

“A tendência positiva do indicador resultou do aumento das variáveis de atividade atual e perspetivas de atividade”, refere-se no inquérito, que sublinha ainda o aumento de constrangimentos de um maior número de empresas no desenvolvimento das suas ações, comparativamente ao período homólogo.

“A insuficiência da procura, as dificuldades financeiras, o excesso de burocracia e regulamentações estatais, foram os principais constrangimentos. A concorrência e as dificuldades na obtenção de créditos bancários, similarmente constrangeram as empresas do setor”, descreve.

Para as empresas do setor do comércio, a conjuntura económica é favorável, pois o IC conservou a tendência ascendente dos trimestres anteriores, evoluiu positivamente em relação ao período homólogo e passou a situar-se acima da média.

Há quatro trimestres consecutivos que o indicador mantém a sua tendência ascendente no setor do comércio, evoluindo positivamente em relação ao trimestre homólogo, passando a situar-se acima da média da série.

O comportamento positivo do indicador resultou da evolução favorável de todas as variáveis que o compõem e, na opinião dos empresários, menos empresas tiveram dificuldades ao desenvolverem as suas atividades em comparação ao período homólogo.

“O excesso de burocracia, a insuficiência da procura foram as principais limitações. A rutura de stocks, as dificuldades financeiras e os preços de venda demasiado elevados, também limitaram as empresas comerciais”, destaca, no entanto, a análise.

Sobre o setor da construção, o inquérito revelou que os empresários continuam otimistas quanto às suas atividades, pois o indicador manteve a tendência positiva do trimestre anterior, evoluiu favoravelmente em relação ao período homólogo e passou a situar-se acima da média da série, mas ainda assim, a conjuntura económica das empresas construtoras permaneceu desfavorável.

A tendência e a evolução favorável do indicador resultou do bom comportamento de todas as variáveis que o compõem e, no que se refere às limitações, menos empresas observaram constrangimentos ao desenvolverem as suas atividades em relação ao período homólogo.

Como nos outros setores analisados, a insuficiência da procura, o nível elevado das taxas de juro e a deterioração das perspetivas de vendas, foram as principais limitações, bem como a falta de materiais e as dificuldades na obtenção de créditos bancários.

Por seu turno, os empresários da indústria transformadora mantiveram os sinais de otimismo do trimestre anterior, tendo em conta que o IC apresentou tendência ascendente e evoluiu positivamente em relação ao período homólogo, todavia a conjuntura económica continuou desfavorável para as empresas do setor.

“A evolução positiva do indicador, em relação ao período homólogo, resultou do crescimento das variáveis perspetivas de produção e emprego nos próximo três meses”, tendo os empresários constatado que menos empresas registaram constrangimentos ao desenvolverem as suas atividades, comparativamente ao mesmo período de 2020.

De acordo com os operadores do setor, a falta de matéria-prima, as frequentes avarias mecânicas nos equipamentos, as dificuldades financeiras, falta de mão-de-obra especializada, água e energia foram os principais constrangimentos no sector.

Na indústria extrativa, o IC manteve a tendência positiva do trimestre anterior, devido ao aumento da produção, evoluiu favoravelmente em relação ao trimestre homólogo e passou a situar-se acima da média da serie, mas a conjuntura às empresas permaneceu desfavorável.

“Quanto às limitações, mais empresas tiveram constrangimentos ao desenvolverem as suas atividades em relação ao mesmo período de 2020”, tendo as dificuldades financeiras, falta de mão-de-obra qualificada, equipamentos insuficientes e as frequentes avarias mecânicas sido os principais entraves.

O inquérito concluiu que “o clima económico permaneceu desfavorável no I trimestre de 2021, pese embora a tendência e evolução positiva do Indicador em relação ao período homólogo”.

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