O bastonário da Ordem dos Enfermeiros de Angola mostrou-se hoje preocupado com o número elevado de casos de malária registados no país nos últimos meses, alertando que esta doença mata mais do que a covid-19.
Uma doença ainda por identificar já matou, em menos de 15 dias, pelo menos dez crianças, que apresentaram um quadro de febres altas, diarreia e vómitos, no município de Cacuaco, província de Luanda, denunciaram moradores da zona.
Profissionais de saúde pediram hoje a intervenção do Presidente angolano para “travar” a escassez de materiais descartáveis, medicamentos e de recursos humanos nas unidades sanitárias, sobretudo em Luanda, que registam enchentes e mortes nos bancos das urgências.
Quarenta e dois mil, novecentos e noventa e sete casos de malária foram registados de Janeiro/Abril de 2021, menos 10 mil e 255 casos em relação ao mesmo período de 2020 em que foram registados 53 mil e 252, apurou hoje, terça-feira, à Angop, junto da direcção municipal da saúde de Luanda.
Um surto de malária e dengue está a assolar a província angolana de Benguela, com o registo de diário de 2.000 casos, dos quais morre um paciente em cada 400 casos diagnosticados, informaram as autoridades sanitárias locais.
A Associação dos Doentes Angolanos em Portugal (ADAP) acusa o Governo de Luanda de empurrar os doentes em tratamento em Portugal para a situação de sem-abrigo ao retirar-lhes apoio ou obrigar ao seu regresso, que a maioria recusou.
O governo angolano criou a Agência Reguladora de Medicamentos e Tecnologias de Saúde (ARMED), entidade que será responsável pelas ações de regulação, regulamentação, licenciamento e fiscalização no domínio dos medicamentos de uso humano e tecnologias da saúde.
Corpos abandonados na morgue do Hospital Geral de Benguela (HGB), em Angola, numa média superior a 15 por mês, vão a enterrar sem o devido tratamento, em lonas e sacos, num único tractor, indicam depoimentos recolhidos pela VOA após 44 funerais administrativos na última semana.
As urgências dos principais hospitais da província de Luanda registam há já alguns dias elevada procura o que obriga a que os pacientes fiquem largas horas à espera de serem atendidos, estando mesmo algumas destas unidades em risco de ruptura da sua capacidade de atendimento.
Médicos angolanos alertaram hoje para o “agravar da situação sanitária” em Luanda, que se reflete já nos hospitais primários e terciários, apontando a “malária e as doenças diarreicas” como as principais patologias nos bancos de urgência.