"Ainda há um contencioso colonial por resolver, e é por isso que por vezes acontecem crises nas relaçãoes económicas, políticas e diplomáticas entre os dois países", disse Manuel Alves da Rocha.
Em entrevista à Lusa a propósito da visita de João Lourenço a Portugal, no final desta semana, Alves da Rocha disse que "a necessidade de uma visita de um Presidente angolano a Portugal já se fazia sentir", mas lembra que da última visita de um chefe de Estado angolano "não se retiraram vantagens nem uma rota de sustentabilidade" nas relações entre os dois países.
Lembrando que nem José Eduardo dos Santos, antes, nem João Lourenço, agora, elencam Portugal como parceiro estratégico nos últimos anos, Alves da Rocha disse considerar que "em Portugal existe, e é um erro, a convicção de que Portugal é o pais que melhor conhece Angola pela circunstância de ter estado muitos anos em Angola, e que isso dá às instituições portuguesas e aos portugueses a convicção de que são as pessoas que melhor conhecem o país".
Portugal, vincou, "não tem condições, nem se calhar terá sido isso alguma vez uma pretensão, de ter atitudes neocolonistas em Angola, mas há determinados aspetos que do ponto de vista político ou intelectual levam-nos muitas vezes a pensar que por ter estado 500 anos em Angola têm um conhecimento que mais ninguém tem, e isto é péssimo".
Portugal, concluiu, "devia ter uma postura de muito mais humildade e modéstia de não estar permanentemente convencido de que conhece muito bem Angola, e isto cai mal aos angolanos, tem de haver uma linguagem diferente, até porque isso levaria a que os angolanos alterassem a sua posição e linguagem face a Portugal".