Centenas de observadores internacionais, incluindo o ex-secretário de Estado norte-americano John Kerry, acompanharam as eleições presidenciais no Quénia, a 08 de agosto, concluindo não terem observado quaisquer interferências no processo eleitoral.
No entanto, o Supremo Tribunal disse hoje que a comissão eleitoral cometeu "ilegalidades e irregularidades" e anulou as eleições, exigindo novo escrutínio nos próximos 60 dias.
Odinga disse hoje que o papel dos observadores tem de ser examinado, porque põem a estabilidade acima da credibilidade, e pediu a demissão de alguns membros da comissão eleitoral.
O Presidente eleito, Uhuru Kenyatta, por seu lado, afirmou que "discorda pessoalmente" da decisão do Supremo Tribunal, mas irá respeitá-la.
No entanto, Kenyatta criticou os juízes, afirmando que "seis pessoas decidiram ir contra a vontade do povo".
Num discurso perante apoiantes, o Presidente disse que o Supremo Tribunal e os "seus bandidos" decidiram retirar-lhe a vitória.
O Supremo Tribunal de Justiça anulou a reeleição do atual Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, tendo ordenado a convocação de novas eleições num período máximo de dois meses.
Esta decisão é a resposta ao recurso interposto pela oposição, que desde o dia da eleição vinha denunciando irregularidades no processo eleitoral, que qualificou como uma "fraude".
Hoje, o presidente da Comissão Eleitoral do Quénia pediu calma aos cidadãos diante das novas eleições para "não minarem a estabilidade".
Wafula Chebukati disse que a instituição eleitoral "tomou nota" das observações do Tribunal e irá fazer "mudanças internas de pessoal" necessárias para as próximas eleições.
Kenyatta foi declarado vencedor no passado dia 11 de agosto, com 54,27% dos votos, contra os 44,74% conseguidos por Odinga, que aos 72 anos se candidatava pela quarta vez, depois de ter sido derrotado em 1997, 2007 e 2013.
O anúncio da vitória de Kenyatta desencadeou dois dias de protestos e motins reprimidos pela polícia em bairros da lata de Nairobi e no oeste do país, bastiões da oposição.
Pelo menos 21 pessoas, entre as quais um bebé e uma menina de nove anos, foram mortos a 11 e 12 de agosto, quase todos pela polícia, segundo um balanço da agência noticiosa francesa France-Presse (AFP).
A organização não-governamental Human Rights Watch estimou que o escrutínio foi "marcado por graves violações dos direitos humanos, incluindo assassínios ilegais e espancamentos pela polícia em manifestações e operações de busca em casas do oeste do Quénia"..