O chefe de Estado angolano discursou como presidente em exercício da União Africana (UA), através de um vídeo pré-gravado e que foi transmitido durante a comemoração do Dia de África, em 25 de maio, pelos embaixadores africanos em Portugal no Taguspark, no município de Oeiras, em Lisboa.
Segundo o presidente da UA, África "não quer continuar a ser apenas um continente à espera de apoio, mas sim um ator estratégico em construção, que oferece soluções para si próprio e para o mundo".
Nas suas palavras, celebrar África significa renovar a fé no seu potencial e capacidade de superar as adversidades, de afirmar a responsabilidade coletiva e reforçar o empenho numa "cooperação sincera, respeitosa e ambiciosa".
No entanto, o chefe de Estado angolano disse que este momento é mais do que uma comemoração. É também um evocar dos ideais que inspiraram as figuras que construíram os primeiros alicerces da unidade continental africana, entre eles Amílcar Cabral (Guiné-Bissau e Cabo Verde) e Agostinho Neto (Angola).
O Presidente angolano salientou que existem desafios diários à construção e preservação de uma África unida, forte e soberana, "capaz de falar a uma só voz na cena internacional".
"Realçamos, entre estes, a questão da paz e da segurança, pois registamos, com preocupação, que em muitas regiões do continente se continua a viver em situações de instabilidade devido ao terrorismo transnacional e ao extremismo violento, aos conflitos armados e às tensões intercomunitárias, entre outros massacres", salientou.
O chefe de Estado referiu que a isso juntam-se, no continente, as crises políticas e institucionais, "muitas vezes caracterizadas por mudanças institucionais de governo e transições contestadas com o enfraquecimento do Estado de Direito e uma governação frágil".
João Lourenço frisou que a UA está particularmente preocupada "com as pessoas que vivem em zonas de conflito, frequentemente forçadas a fugir das suas casas, tornando-se deslocadas internas ou refugiadas em países vizinhos e a quem é negada uma vida segura".
Por isso, apelou ao respeito pelos princípios da solidariedade, da cooperação e do respeito, para que se possa "continuar a construir uma África mais integrada, onde as fronteiras se tornem pontes e não barreiras". Por outro lado, declarou que do ponto de vista socioeconómico, África está a fazer tudo "o que está ao seu alcance" para "enfrentar o desafio do desenvolvimento inclusivo, num contexto mundial incerto".
Apesar disso, nas suas palavras, sobressaem ainda vários desafios como o desemprego jovem, o acesso limitado à educação, à saúde e à habitação, a insuficiência de infraestruturas essenciais ao desenvolvimento, uma muito baixa taxa de industrialização, as economias pouco diversificadas, os efeitos das mudanças climáticas e a dívida crescente de certos países.
"Não obstante dos desafios que temos pela frente, mantemos uma fé inabalável no futuro de África que hoje, mais do que nunca, encarna um continente de esperança e otimismo", concluiu.
O encontro contou com a representação de países como Angola, Argélia, Cabo Verde, Costa do Marfim, Egito, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Líbia, Marrocos, Moçambique, Nigéria, República Democrática do Congo, São Tomé e Príncipe, Senegal, Tunísia e o secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Zacarias da Costa.