Numa sentença datada de 11 de fevereiro o tribunal de Luanda deu provimento à providência cautelar interposta pela bastonária da Ormed, Elisa Gaspar, contra o Conselho Regional Norte.
O tribunal ordenou assim aos requeridos (Conselho Regional Norte e cinco médicos, entre os quais o presidente do Sindicato dos Médicos, Adriano Manuel e membros da comissão de gestão) que "se abstenham de praticar atos que importunem o normal funcionamento da Ordem".
Bem como "invadir as instalações da Ormed", "promover atos de discórdia nas redes sociais" ou divulgar "mensagens insultuosas com acusações infundadas contra a Ormed e sua bastonária", até à decisão definitiva em sede de ação principal por meio de um tribunal, determinou a decisão.
Em declarações à Lusa, fonte do Conselho Regional Norte disse que vão avançar com uma ação para suspender a medida cautelar, sem avançar mais detalhes face aos impedimentos impostos pela providência cautelar.
Adiantou, no entanto, que a ação deve dar entrada esta semana, pois tem de ser solicitada num prazo de oito dias após a sentença.
Os conflitos internos na Ormed arrastam-se desde o ano passado e motivaram no mês passado declarações públicas da ministra da Saúde, Silvia Lutucuta, que apelou ao "bom senso" para que os médicos ultrapassassem a crise.
O Conselho Regional Norte da Ormed aprovou, em 17 de outubro de 2020, a destituição de Elisa Gaspar, devendo ser promovidas novas eleições em 90 dias.
De acordo com a deliberação aprovada no final da assembleia-geral extraordinária, além da destituição foi também decidido criar uma comissão de inquérito para analisar as irregularidades e promover uma auditoria independente.
Elisa Gaspar, há mais de um ano no cargo de bastonária da Ormed, é acusada de "descaminho de fundos e gestão danosa" da instituição, entre os quais um alegado desvio de 19 milhões de kwanzas (256.000 euros), e de "outros gastos injustificados".
A bastonária negou todas as acusações e recusou deixar o cargo, já que o seu mandato vigora até 2022.