Joseph Asunka, CEO da Afrobarometer indicou hoje, em Washington, que o nível de satisfação com as democracias africanas tem descido de ano para ano e marca uma “tendência preocupante, que dá a sensação de estarmos sentados numa bomba-relógio”.
Segundo o mais recente estudo da Afrobarometer, hoje apresentado em Washington, 34 países africanos têm uma média de apenas 37% cidadãos satisfeitos com a democracia nos seus países.
As conclusões referem-se a um inquérito realizado em 34 países africanos, incluindo os países de língua portuguesa Angola, Cabo Verde e Moçambique, com entre 1.200 a 2.400 participantes em cada país.
Apenas 17% dos participantes em Angola se consideraram satisfeitos com o funcionamento do regime democrático nacional.
Em Cabo Verde, a satisfação foi expressa por 23% dos inquiridos, enquanto em Moçambique, 42% se deram como satisfeitos pela democracia nacional.
No topo da lista, os países com maior satisfação foram Tanzânia (80%), Marrocos (70%) e Gana (66%).
Algumas das razões apontadas para a crescente insatisfação foram o facto de a população do continente ser jovem, deparada com uma “crescente frustração” e situações de desemprego que não estão a ser resolvidas atempadamente pelos governos.
O inquérito concluiu também que a população africana apresenta um apoio “muito robusto” à democracia como melhor forma de governação e uma categórica rejeição por governos autoritários.
Segundo o diretor executivo da Afrobarometer, Joseph Asunka, pelo menos sete em cada dez cidadãos africanos prefere a democracia a qualquer outra forma de governação.
“Além do apoio robusto à democracia, os africanos também apoiam consistentemente e em medida crescente as normas democráticas”, afirmou o responsável.
As normas democráticas incluem Estado de Direito, cumprimento por parte dos Presidentes de decisões de tribunais ou limites de mandatos presidenciais ou ainda competição multipartidária e realização de eleições.
Com estes dados, a Afrobarometer quer incentivar todos os países a “pensar em formas” de responder às exigências atuais da população com medidas para democracias mais fortes e mais emprego, por exemplo.
A rede da Afrobarometer produz sondagens em 35 países africanos através de parceiros que conduzem os inquéritos na língua nacional e de forma adequada para os costumes de cada país.