A Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL) conta com uma capacidade instalada de 760.000 metros cúbicos de água, mas produz apenas 633.851 metros cúbicos diariamente, quantidade insignificante para responder à demanda, disse o seu presidente, Adão da Silva.
"Estamos com um défice do dobro, estamos com um défice maior em relação ao nível de produção atual", afirmou o responsável no final da visita que o ministro da Energia e Águas e o governador de Luanda efetuaram aos vários projetos estruturantes do setor.
Segundo Adão da Silva, a entrada em funcionamento dos projetos de abastecimento de água do Quilonga Grande, em construção no município Icolo e Bengo, e do do Bita, em construção no município de Belas, a partir de março de 2026, devem alargar a produção diária para 776.600 metros cúbicos/dia.
Ambos os projetos em construção fizeram parte do itinerário da visita do ministro da Energia e Águas de Angola, João Baptista Borges, e do governador de Luanda, Manuel Homem.
"As obras estão bem, a constatação que o senhor ministro e governador fazem é realística e acreditamos cumprir com os prazos contratuais dos projetos e nós vamos cumprir para que em março de 2026 comecemos a inverter o fornecimento de água à população", adiantou o dirigente.
Munícipes de Luanda, sobretudo das zonas periféricas, queixam-se diariamente da escassez de água nas suas zonas de residência, o que faz com que muitos, com recipientes à cabeça ou nas mãos, percorram distâncias à procura do líquido e outros, com algumas posses, recorrem a cisternas.
O projeto Quilonga Grande, em construção na margem do Rio Kwanza, está dividido em dez lotes e visa abastecer de água potável os municípios de Icolo e Bengo, Cacuaco e Viana, abrangendo aproximadamente cinco milhões de habitantes.
O Bita, que compreende um sistema de abastecimento de água integrado, composto por captação, tratamento, adução e distribuição, dividido em três fases, prevê 170.000 ligações domiciliárias e, quando concluído, deve abastecer cerca de 3,8 milhões de habitantes.
De acordo com o presidente do conselho de administração da EPAL, os atuais desafios da empresa pública passam por melhorar, sobretudo, a sua performance, porque "o défice de água [existente] não é apenas uma preocupação dos (...) munícipes, mas é uma preocupação da gestão da EPAL".
"O nosso objetivo, para além de sermos a concessionária, é aumentar a produção, de forma que a arrecadação [de receitas] seja um facto", disse, quando falava aos jornalistas no projeto do Centro de Formação da EPAL, no distrito do Kikuxi, em Viana.
Adão da Silva deu conta igualmente, quando questionado pela Lusa, que os munícipes de Luanda devem atualmente 130 mil milhões de kwanzas (130 milhões de euros) à empresa e, sem avançar a atual dívida estatal, referiu que decorre uma campanha de sensibilização aos luandenses para a respetiva liquidação.
O governador de Luanda, Manuel Homem, disse acreditar que os projetos em curso devem reduzir a escassez de água na província, considerando que a maior procura propicia igualmente o garimpo de água e a vandalização dos sistemas já instalados.
"Mas, acreditamos que a solução ideal para combatermos este mal é aumentarmos a oferta e os projetos que estamos a constatar hoje vão dar resposta", considerou o governante.