Escritório da ONU pede investigação sobre a mulher morta a tiro nos tumultos em Luanda

Post by: 31 July, 2025

O Gabinete dos Direitos Humanos da ONU reclamou hoje às autoridades angolanas "investigações rápidas, exaustivas e independentes sobre as mortes de pelo menos 22 pessoas, bem como sobre as violações dos direitos humanos associadas" durante os protestos em Luanda.

Numa declaração divulgada hoje à tarde, o porta-voz do Gabinete, Thameen Al-Kheetan, nota que, "de acordo com relatórios oficiais, mais de 1.000 pessoas foram detidas" durante os protestos verificados esta semana na capital angolana, acrescentando que "imagens não verificadas sugerem que as forças de segurança utilizaram munições reais e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, o que aponta para um uso desnecessário e desproporcional da força".

Reconhecendo que "alguns dos manifestantes recorreram à violência e que vários indivíduos terão aproveitado a agitação para cometer atos criminosos, incluindo saques a lojas, bem como vandalismo de propriedade em vários locais da capital, Luanda", Al-Kheetan apela às autoridades angolanas "para que se abstenham de recorrer ao uso desnecessário ou desproporcional da força para manter a ordem pública e garantam o pleno gozo dos direitos à vida, à liberdade de expressão, à reunião pacífica e à associação".

"Quaisquer indivíduos que possam ter sido detidos arbitrariamente devem ser imediatamente libertados. Todos os manifestantes que saem às ruas para expressar as suas opiniões devem fazê-lo de forma pacífica. Todas as violações dos direitos humanos devem ser investigadas e os responsáveis devem ser responsabilizados", conclui o porta-voz do Gabinete de Direitos Humanos, com sede em Genebra, Suíça.

Luanda começou hoje a regressar à normalidade, após três dias de paralisação dos taxistas que deram origem a violentos tumultos, pilhagens e confrontos, que provocaram 22 mortos, 197 feridos e 1.214 detenções, segundo as autoridades.

Os atos de violência registaram-se entre segunda e quarta-feira, na sequência de uma paralisação convocada por cooperativas e associações de táxis, em protesto contra a subida do preço dos combustíveis e das tarifas de transporte público, não havendo ainda uma contabilização oficial dos prejuízos materiais causados pelos atos de vandalismo e pilhagem.

O Governo classificou os acontecimentos como "atos de vandalismo" e hoje mesmo as autoridades angolanas começaram a julgar os autores das pilhagens e do vandalismo, muitos dos quais menores de idade e que serão devolvidos às respetivas famílias.

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Last modified on Thursday, 31 July 2025 20:28
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