“Os que depositaram votos sabem o que fizeram e os resultados que saem devem aproximar-se à realidade, mas nestas eleições 195 assentos para um partido não aconteceram e temos que ser justos”, declarou o presidente do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Albano Forquilha.
Em conferência de imprensa em Maputo para o balanço do encontro com o comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM), Forquilha pediu ao Conselho Constitucional (CC) que “faça o seu trabalho” visando acabar com a “aparente” tensão entre a polícia e os manifestantes.
“Tudo o que estamos a pedir é que as instituições que administram a justiça levem a cabo um trabalho que dignifique o voto que o povo moçambicano depositou nos partidos políticos e esta é a função também da polícia, defender que esta soberania do povo a quem foi atribuída mantenha-se”, defendeu o presidente do Podemos, pedindo “posições justas” ao CC.
“Como partido, seguindo a regra, fizemos uma impugnação geral ao CC, mas como sabemos, é aquele que aprova acórdãos que não têm recorrência e se calhar esta é a parte que dá trabalho ao Podemos e à polícia. Como é que vamos fazer, se esperamos que o CC tome a sua decisão ainda que injusta e não se pode recorrer mais”, questionou, insistindo que o Conselho Constitucional deve “respeitar o voto do povo”.
Ainda na conferência de imprensa, Albano Forquilha prometeu travar a violência durante as manifestações e pediu colaboração da polícia para identificar “infiltrados”. “Devo dizer, há mesmo suspeitas que me chegam de outras forças políticas se calhar que se infiltram [...], isso existe, mas se estivermos juntos podemos muito bem conseguir identificar quem está a fazer isso”, concluiu Forquilha.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral de uma semana em Moçambique a partir de hoje, manifestações nas sedes distritais da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e marchas para Maputo em 07 de novembro.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique anunciou no passado dia 24 a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos. Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos (extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
A Frelimo reforçou ainda a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250), e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país.
Além de Mondlane, o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, um dos quatro candidatos presidenciais, disse que não reconhece os resultados e pediu a anulação da votação, e o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram “forjados na secretaria”, e prometeu uma “ação política e jurídica” para repor a “vontade popular”.
As manifestações convocadas por Mondlane nos dias 21, 24 e 25 degeneraram em confrontos com a polícia, de que resultaram pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.