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Onda de raptos em Luanda: Perigos que se multiplicam

Post by: 27 Outubro, 2017

É gritante o ambiente que se vive em Luanda, com a constante onda de raptos de meninas em pleno dia, por supostos marginais taxistas, vulgo candongueiros.

Por Ramiro Barreira

Há dias, duas filhas de um amigo vinham da universidade na zona do Mundo Verde e decidiram apanhar um taxi rumo ao Benfica, em pleno dia, às 12h30. O cobrador, pediu para se sentarem no banco da frente. Acto seguinte, foi-lhes apontada uma pistola e daí levadas para uma das ruas inóspitas da zona do Futungo,  onde lhes foram retirados todos os haveres, incluindo telemóveis. Tiveram a sorte de não serem violadas. Mas, quantas não têm a mesma sorte? São às dezenas, que ávidas de apanharem um transporte são surpreendidas por taxistas bandidos que as raptam, violam, matam, etc, tanto de dia como de noite.

Está a instalar-se um clima de terror e de instabilidade porque os táxis azuis são licenciados sem o cumprimento mínimo de regras internacionais. Mas, o mais grave ainda é que se avolumam as desconfianças com os taxistas, estes que deveriam ser o exemplo de segurança como em qualquer parte do mundo.

Vi há dias, nas redes sociais, em concomitância com este  meu relato, a denúncia desta penosa situação  feita pelo escritor José Luis Mendonca, alertando o Ministro do Interior sobre esta trágica realidade. Infelizmente, como diz, até agora os serviços de investigação criminal não apresentaram as detenções destes marginais que estrangulam a estabilidade social, o que denota uma certa apatia perante uma situação que deveria merecer um tratamento excepcional. O exemplo da jovem raptada na ponte do Kamorteiro, em Talatona, e que apareceu amarrada no seu próprio carro, não nos pode deixar indiferentes.

Em minha opinião, é imperioso que se estabeleçam algumas regras de controlo dos taxistas que poderiam ser:

1- A sua actividade deveria circunscrever-se a um distrito urbano onde deveriam estar licenciados para um melhor controlo.

2- Não poderiam, nem deveriam, sair do perímetro em que estão autorizados, sob pena de pesadas multas se estiverem a transportar alguém.

3- Cada Táxi, seja Hiace, mini autocarro, turismo, ou motociclo, deveria estar devidamente licenciado, catalogado e visivelmente identificado com números, devendo ser exigido ao motorista o registo criminal, e em função da zona de jurisdição terem uma determinada cor.  Por exemplo: Viana teria apenas táxis amarelos. Centro da cidade brancos. Benfica vermelhos. Cacuaco, castanhos, golfe verdes, via Expresso azuis e assim sucessivamente.

4- Todos os taxistas teriam frequentar uma escola de formação técnica e profissional, onde deveriam ser dados materiais técnicos, de educação cívica e deontologia profissional.

5- O licenciamento dos taxistas deveria ser feito obedecendo  a critérios internacionais muito rigorosos, pois para se ser taxista não basta ter um carro e sair conduzindo por aí, pois como se trata de serviço de interesse público é necessário passar por um processo selectivo, que envolva o registo e selecção criteriosa do motorista, até inclusivamente informações detalhadas sobre o veículo, de maneira a salvaguardar-se o interesse público e a sua segurança.

Para além dos aspectos de segurança, são eles os que mais acidentes provocam. Alguns conduzem embriagados, tomam atitudes de arruaceiros, não cumprem com as regras estabelecidas pelo código de estrada, páram no meio da via e a maioria, em rigor, não tem condições para desempenhar a função de taxista.

Fica aqui o apelo ao Ministério do Interior, dos Transportes e às Administrações Municipais para este ingente desafio. (JA)

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