Esta semana ouvimos do (novo) candidato número 1 da lista do MPLA às próximas eleições gerais, João Lourenço, uma apreciação ainda mais arrasadora, tendo o actual Ministro da Defesa usado o adjectivo “malandros” para classificar os seus adversários, que ainda ninguém sabe bem quais serão.
Tal só será possível saber, depois do Tribunal Constitucional ter deliberado sobre os processos que lhe serão submetidos ao abrigo da Lei Orgânica das Eleições, após estas terem sido oficialmente convocadas pelo Presidente da República, o que também ainda não aconteceu.
Entre inexistentes, fracos e malandros, os membros oposição angolana que se dividem actualmente, por 4 ou 5 partidos basicamente, não têm parado de colecionar adjectivos nesta “troca de galhardetes” com o partido da situação.
Esta última, a dos malandros, não estava nas nossas contas.
Convenhamos que esta “troca”, com maior ou menor elevação, já faz parte de qualquer disputa política democrática que toma contornos ainda mais agressivos durante os anos eleitorais.
A luta pelo poder não é mesmo feita com beijinhos, embora haja sempre alguns limites, que todos aceitam mas é só da boca para fora.
No caso deste ano em Angola e embora a procissão já tenha saído do adro, com a inédita pré-campanha eleitoral do M, ainda estamos no principio dos “beefs” que vêm por aí.
Apertem pois os cintos de segurança e preparem-se para o pior, porque nas eleições tudo pode acontecer em matéria de “descida aos infernos”, como tivemos a oportunidade de acompanhar muito recentemente na campanha norte-americana.
Estamos entre as pessoas que diante da situação concreta que é a asfixiante (sem aspas) realidade política angolana, achamos que mesmo assim a Oposição podia fazer muito mais e melhor para se afirmar e ganhar mais espaço, pois ainda há muito por conquistar.
O que, entretanto, ela faz ou lhe deixam fazer, em termos mais objectivos não pode de forma alguma ser ignorado e devidamente valorizado, por quem aprecia nas calmas o panorama, sem outras conhecidas paixões.
É a mais pura ficção dizer que os partidos políticos têm direito a tratamento igual pelas entidades públicas, conforme reza a Constituição.
Se há desigualdades gritantes neste país, uma delas está, certamente, bem visível no tratamento que é dispensado aos partidos políticos da oposição pelas entidades públicas, a começar pelos médias.
Neste contexto marcado por uma verdadeira hostilidade institucional, fazer política em Angola não é nada fácil. É de facto uma grande aventura cheia de riscos e perigos.
Quando ouvimos das sensibilidades aqui referidas no início, dizer que o país precisa de ter uma oposição forte, só mesmo com uma boa dose de humor conseguimos digerir um tal desejo que partilhamos por inteiro, mas em relação ao qual temos uma visão completamente distinta.
Cada vez acreditamos mais, que Angola só vai mesmo resolver os seus problemas que não têm parado de se agravar, se o país acordar um dia destes, no dia seguinte, com uma realidade política mais equilibrada, bem diferente daquela que tem prevalecido nos últimos 40 anos.
O PAÍS