Os presidentes dos grupos parlamentares do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) reagiam ao discurso de quase uma hora, do chefe de Estado, que marcou a abertura da primeira sessão legislativa da IV legislatura.
Em declarações à imprensa, o líder da bancada parlamentar do MPLA, Salomão Xirimbimbi, referiu que o discurso de João Lourenço, eleito a 23 de agosto como novo Presidente de Angola, "indiscutivelmente" ultrapassou as expectativas.
"Não podia ser de outra maneira, eu conheço bem o Presidente e ele veio reiterar aquilo que sempre pensou e pensa e que consta do programa que foi apresentado ao eleitor e também os programas do partido de que ele é vice-presidente", disse.
O líder da bancada parlamentar maioritária apontou como um dos desafios desta nova legislatura o apoio ao Governo no cumprir do programa apresentado aos eleitores e a criação de um clima de harmonia entre os grupos parlamentares.
Por sua vez, o líder da bancada parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, considerou excessivo o número de promessas feitas por João Lourenço, apontando mesmo que "houve uma intenção de poupar a avaliação da governação anterior.
"Estávamos de facto à espera do estado da Nação, houve alguns diagnósticos, mas na sua grande maioria muitas, mas mesmo muitas promessas. Esperava um retrato do quadro global do país", disse, reconhecendo que foram focados alguns aspetos importantes, os quais espera que "haja efetivamente coragem para se materializar aquilo que foi aqui dito".
"Houve um evitar de diagnósticos, os diagnósticos foram poucos, houve alguns, mas foram muito poucos, porque os diagnósticos seriam um cartão vermelho à governação anterior", acrescentou o líder da maior bancada da oposição angolana, que quase viu o número de deputados duplicar nas eleições, para os atuais 51.
Adalberto da Costa Júnior criticou igualmente o facto de não terem sido abordados pelo chefe de Estado angolanos assuntos como a transmissão em direto das sessões parlamentares ou ainda a limitação da fiscalização ao Governo.
Relativamente a estes dois temas, o Salomão Xirimbimbi considerou o primeiro "um falso problema", realçando que já são transmitidos assuntos importantes, nomeadamente o Orçamento Geral do Estado, defendendo para esta legislatura uma análise para o aprofundamento dessa transmissão.
Sobre a limitação na fiscalização das ações do Governo, referiu que há um mal-entendido, porque o acórdão do Tribunal Constitucional, apenas impede que o parlamento intime o Presidente da República, que tem poder pessoal.
"Mas chamar um ministro para que com esse converse a nível do parlamento isso não consta, basta ler o acórdão, e é o que vamos fazer nessa legislatura. Haverá fiscalização", disse.
Já o líder da bancada parlamentar da CASA-CE, André Mendes de Carvalho "Miau", realçou o facto de o discurso ter estado dentro "dos mesmos marcos" do que fez na sua investidura, a 26 de setembro.
"Portanto, é um elencado de intenções, que esperamos que sejam materializadas, sejam levadas à prática", frisou.