A situação foi confirmada hoje pela Lusa, numa ronda pelos postos de abastecimento de combustíveis, grande parte dos quais já ostenta mesmo o aviso à entrada: "Não há gasolina".
Num dos postos junto ao Largo da Independência, ponto central de Luanda, dezenas de viaturas fazem filas nos vários sentidos, bloqueando o trânsito, tentando obter gasolina num dos poucos locais ainda abastecidos.
"Estou aqui no meio do trânsito há horas para ver se sobra para mim, vamos ver", desabafava António Luís, que começou o sábado bem cedo, no posto, depois de não ter encontrado gasolina também na sexta-feira.
Em comunicado enviado à Lusa, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), refere que se "registou um atraso de 24 horas na distribuição de combustíveis", especialmente de gasolina, na rede de postos da província de Luanda, devido a "problemas operacionais relacionados com a logística de distribuição", ocorridos na quinta-feira.
"Perante este facto, a Sonangol ativou, de imediato, os seus planos de contingência, que triplicaram o fornecimento de combustíveis aos postos de abastecimento de Luanda, durante as últimas 48 horas, pelo que ao longo deste sábado a situação irá, progressivamente, regularizar-se devendo estar plenamente normalizada no fim do dia", garante o mesmo comunicado, da concessionária estatal do setor petrolífero.
A Sonangol admite que a situação levou a um "constrangimento junto dos consumidores finais", que diz ser "fruto de uma perceção da anormalidade no fornecimento dos postos de abastecimento" da capital angolana, "a que se acresce a difusão de várias notícias falsas sobre a origem da mesma, o que provocou uma excessiva, e natural, procura de combustíveis".
A petrolífera liderada por Isabel dos Santos refere mesmo que a situação já está a provocar "tentativas de açambarcamento e prática de preços especulativos" no mercado, no entanto garante que "não existe nenhum problema substancial no fornecimento de combustíveis em Luanda".
"Lamentando esta situação pontual, apela à população que regresse às práticas habituais de consumo, já que não existem quaisquer razões para temer, a curto, médio e longo prazo, qualquer problema com o fornecimento de gasolina e gasóleo aos postos de abastecimento", concluiu o comunicado da Sonangol.
Em março deste ano registou-se um outro caso de problemas no abastecimento de combustíveis em Angola, tendo a petrolífera estatal justificado a situação com a demora no pagamento a fornecedores internacionais, originando "um ligeiro atraso" na descarga de combustíveis importados nos portos nacionais.
A Sonangol referiu, na ocasião, que o atraso foi originado por uma "deficiente comunicação de pagamentos", consequência da "conjuntura económica e financeira" que o país atravessa desde finais de 2014, com a baixa do preço do barril do petróleo no mercado internacional.
O Governo angolano está a estudar a possibilidade de passar a enviar petróleo bruto produzido no país para refinar no estrangeiro, para posterior consumo nacional.
Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África, com mais de 1,6 milhões de barris de crude por dia, mas a capacidade de refinação nacional é insuficiente, cingindo-se a atividade à refinaria de Luanda, o que obriga à importação de grande parte dos produtos refinados que consome.