"Vamos nos adaptando à conjuntura […] Certamente vamos acompanhar com preocupação, são processos de soberania e vamo-nos adaptar", disse Jorge Bom Jesus à Lusa, durante a visita a uma feira agropecuária organizada hoje pelo Ministério da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural, para assinalar o Dia das Nacionalizações.
No dia 20 de setembro a petrolífera angolana Sonangol anunciou a alienação dos seus ativos em 26 empresas em 2020, três em 2021 e uma em 2022, que compreende a abertura do seu capital.
Da lista apresentada em Luanda, durante um seminário metodológico sobre o Programa de Privatizações (ProPriv), constam desinvestimentos nas empresas participadas e ativos na Sonangol Cabo Verde - Sociedade e Investimentos e na Combustíveis e Óleos de São Tomé e Príncipe (Enco), onde a Sonangol detém 76 por cento do capital social da empresa.
O primeiro ministro são-tomense sublinhou que há cerca de dois meses a Sonangol reduziu para um terço o fornecimento do combustível que vem fazendo a São Tomé e Príncipe.
"O combustível foi reduzido a um terço e o que nós dissemos é que essa redução foi muito drástica", referiu Jorge Bom Jesus, sublinhando ter estado em Luanda a conversar com as autoridades ao mais alto nível sobre a possibilidade de aumentarem durante algum tempo o fornecimento, o que não aconteceu.
"Como compreenderão, cada povo tem que lutar e o governo é isso mesmo, encontrar soluções. A pouco e pouco temos encontrado, prova disso é que deixou de haver filas para compra de petróleo doméstico e outros combustíveis", acrescentou o governante.
Jorge Bom Jesus disse respeitar as "decisões das autoridades angolanas" e defendeu a necessidade de "se relançar o setor privado, sobretudo o investimento privado direto".
"O Estado tem que ir paulatinamente saindo das empresas, temos que deixar isto aos empresários, Angola está a fazer e nós também vamos seguir essas pegadas para estimular o tecido empresarial nacional", concluiu.
O ministro do Planeamento, Finanças e Economia Azul são-tomense, Osvaldo Vaz, disse à Lusa que as autoridades angolanas ainda não comunicaram formalmente ao Governo são-tomense a decisão de vender as ações da Sonangol na Enco.