A posição foi manifestada em conferência de imprensa por Adalberto da Costa Júnior, presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Justino Pinto de Andrade, presidente do Bloco Democrático, e Abel Chivukuvuku, coordenador do projeto do Partido do Renascimento Angola - Juntos por Angola - Servir Angola (PRA-JA Servir Angola).
Na declaração, as organizações políticas dizem que “acompanham com preocupação a tendência do partido no poder de mergulhar o país num caos, comprometendo as conquistas políticas, sociais e económicas”.
Angola “conhece a sua mais profunda crise social e económica criada pelas políticas erradas impostas aos angolanos pelo executivo e pelo partido do governo”, uma crise que, afirmam os partidos, “está a ser agravada por uma severa estiagem que pode causar a generalização da fome e a desnutrição”.
Segundo estas formações, as ações do partido no Governo “aprofundam ainda mais a crise económica e social, a imparável corrupção a todos os níveis praticada por servidores públicos da base ao topo”.
A corrupção, assinalam, “cria dificuldades às empresas, aos cidadãos e aos investidores estrangeiros, situação que descredibiliza o Estado” e, atacada de forma seletiva, “sente-se confortada e continua atuante”.
Defendem, por isso, que se “crie com urgência” a alta autoridade contra a corrupção e contra a impunidade, “independente e subtraída do controlo partidário”, e pedem ao executivo para que “reveja a sua estratégia de combate à corrupção e não adormeça na recuperação de empreendimentos já falidos”.
Para a UNITA, Bloco Democrático e o PRA-JA Servir Angola, a presente crise no país acontece numa altura em que as liberdades “são limitadas e os cidadãos são mortos simplesmente por terem saído à rua, à luz do dia, sem armas, para exigirem seus direitos”.
“Face às reiteradas injustiças e à clara regressão do processo democrático protagonizada pelo partido do Governo, urge dar maior ímpeto à luta dos angolanos para a democratização real do país e para uma efetiva cultura política que respeite a vida e dignidade dos angolanos”, exortam.
Os signatários da declaração manifestam também a sua “franca e resoluta predisposição” de integrar e coordenar, o que denominam como “esforço comum participado por todas as forças patrióticas, singulares e coletivas para mudar a situação de Angola”.
Nesta declaração conjunta, os líderes partidários condenaram igualmente o que consideram como “atos de terror” praticados em Cafunfo, onde ocorreram incidentes com mortos e feridos, referindo que os mesmos se traduzem na incapacidade do regime do MPLA em construir a democracia e a unidade da nação”.
A polícia angolana afirma que cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende autonomia daquela região rica em recursos minerais, tentaram invadir, no sábado 30 de janeiro passado, uma esquadra policial e em defesa as foras de ordem e segurança atingiram mortalmente seis pessoas.
A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local que falam em mais de vinte de mortos.
Com “tal extremismo e a consequente acusação de que teria havido rebelião armada, em Cafunfo”, realçam, o Governo pretende implementar uma estratégia que tem como objetivo a criação de um clima de terror e de caos generalizado no país para encontrar bodes expiatórios ou justificações dos seus fracassos”.
Os “trágicos acontecimentos” de Cafunfo, afirmam, constituem uma “séria ameaça à paz, à reconciliação nacional e à estabilidade, bem como ao aprofundamento do respeito dos direitos humanos”, pedindo ao Presidente angolano, João Lourenço, que “ponha fim a estas atitudes antipatrióticas”.
“Começando por cessar, imediatamente, a onda de perseguições e a caça ao homem em Cafunfo e em todo o país”, defendem, exortando ainda à “libertação de todos os presos políticos nos diversos municípios das Lundas”.