João Lourenço, que falava no Palácio Presidencial, em Luanda, no âmbito da visita oficial que o chefe do Governo de Espanha, Pedro Sanchez, efetua a Angola, "encorajou" os empresários espanhóis a investirem em Angola nos vários setores.
O chefe de Estado angolano quer o concurso de empresários espanhóis na agropecuária, nas pescas, no turismo, em indústrias extrativas e de transformação, nos têxteis, na farmacêutica e em outras áreas do seu interesse.
"Pois poderão obter importantes vantagens competitivas na colocação dos bens produzidos localmente nos mercados externos, designadamente no mercado africano no quadro da Zona Livre de Comércio Continental Africana", assegurou.
João Lourenço expressou "grande satisfação" pela visita de Pedro Sánchez a Angola.
“Apesar de curta, teremos a oportunidade de fazer, ao mais alto nível, uma reflexão sobre as nossas relações bilaterais e projetá-las para o futuro, com a perspetiva de as revitalizar", referiu.
Angola e Espanha desenvolvem, no quadro do Acordo Geral de Cooperação assinado em 1987, "relações de cooperação intensas e com resultados que, por serem expressivamente satisfatórios”, devem encorajar “a ampliá-las e a diversificá-las", notou.
Para o Presidente angolano, os "factos têm demonstrado" que Espanha e Angola "têm sabido conduzir o diálogo entre si, na base da convergência dos seus interesses e da complementaridade das capacidades de ambos".
"Deixando de parte preconceitos e questões de natureza subjetiva, que poderiam ter afetado a regularidade com que as nossas relações se desenrolam", frisou.
"É dentro deste padrão de relacionamento que pretendemos que a Espanha continue a ser um parceiro fundamental do desenvolvimento de Angola, um país com imensas oportunidades e recursos de vária ordem, que estão disponíveis para os investidores espanhóis", sustentou.
O chefe de Estado encorajou também o investimento privado direto de empresas espanholas em todos os ramos da economia angolana, assim como a sua participação nas empreitadas de importantes projetos de investimento público.
João Lourenço reconheceu igualmente que a dívida constitui "preocupação dos empresários espanhóis" que fazem negócios em Angola, "que é muitas vezes um fator inibidor para a sua atividade", garantindo "tranquilidade" na sua liquidação.
"Quero a este respeito transmitir alguma tranquilidade, porque estamos a fazer um esforço para saldar todas as dívidas, devidamente certificadas, pese embora as dificuldades temporárias que o país está a atravessar, agravadas ainda mais pela crise sanitária mundial que estamos todos a enfrentar", assegurou.
O Presidente assinalou ainda as reformas económicas em curso no país e lamentou a situação de insegurança e de conflito em diversas regiões do mundo, defendendo "diálogo para a resolução pacífica dos conflitos".
O chefe do Governo de Espanha, Pedro Sanchez, mostrou-se convencido de que a sua visita a Angola trará "grandes resultados e será frutífera" para Luanda e Madrid, considerando que o momento dará igualmente "um novo impulso nas relações cordiais".
"Espanha e Angola podem abrir uma etapa onde pode haver grandes oportunidades para as nossas sociedades, oportunidades para fortalecer nossas relações e para construir melhor de maneira mais equitativa, justa, inclusiva e resiliente às nossas economias", afirmou Sanchez.
O chefe do executivo espanhol reafirmou que Angola é um país prioritário para o país europeu, referindo que está a ser desenhada a "estratégia global” de Espanha para África à luz do programa Foco África 2023, aprovado recentemente em Conselho de Ministros de Espanha.
O objetivo do programa destina-se a estabelecer uma "parceria estratégica com o continente africano visando a paz e estabilidade” das respetivas sociedades, considerando que as prioridades espanholas “são as mesmas de Angola".
"Contribuir e participar no processo de desenvolvimento desse enorme país, este país tem feito um grande esforço para estabilizar a sua economia e ser mais competitiva e quero reconhecer as enormes potencialidades desse país para a exportação, inovação e realização de projetos", apontou.
Sanchez enalteceu as ações das empresas espanholas em Angola no desenvolvimento da economia angolana, garantindo reforçar a cooperação do seu país nos domínios da indústria, água e saneamento, tratamento de resíduos sólidos, saúde, turismo e pesca.
Angola e Espanha "vão seguir apostando e reforçando o multilateralismo”, por ser ”o único instrumento” para enfrentar os grandes desafios, apontou.
“Estou convencido que esta visita oficial trará grandes resultados e será frutífera para os nossos países", frisou.
Pedro Sanchez, que espera que João Lourenço visite Espanha para o estreitamento das relações, felicitou também o Governo angolano e o seu Presidente pelas medidas desenvolvidas no país para a prevenção e combate contra a covid-19.
"Enfrentamos o vírus com muitas consequências para a nossa sociedade, daí que estou convencido que a maneira de abordar a pandemia deve ser com esforços conjuntos de todos os governos e atuação coordenada", concluiu.
Ambos países assinam hoje quatro instrumentos jurídicos para o reforço da cooperação em vários domínios.