A posição vem expressa no comunicado final do Comité Permanente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), realizado quarta-feira, em Luanda, e distribuído hoje à imprensa.
O comunicado refere que o Comité Permanente apreciou as palavras de João Lourenço proferidas durante a sessão de tomada de posse de Isaías Samakuva no Conselho da República, depois de este ter sido reconduzido no cargo de presidente da UNITA, após 16 anos na liderança do partido, na sequência da decisão do Tribunal Constitucional que determinou a anulação do XIII congresso, realizado em 2019, no qual foi eleito Adalberto Costa Júnior, ditando o seu afastamento.
Na cerimónia de posse de Samakuva, o chefe de Estado angolano felicitou o líder da UNITA, realçando as suas qualidades e lembrando que é a segunda vez que é chamado a desempenhar o mesmo papel, pelo que já se sabe o que se espera da sua parte.
“Foi durante algum tempo já nosso colega no Conselho da República, porquanto sabemos o que esperamos de si. Enquanto mais uma vez conselheiro do Presidente da República, espero que desta vez venha para ficar", disse João Lourenço.
“O Comité Permanente considerou essas palavras insultuosas, maliciosas e provocadoras, vindas de um homem que confunde a sua função de chefe de Estado com o papel de presidente do seu partido” (Movimento Popular de Libertação de Angola), refere o comunicado da UNITA.
Para a UNITA, “com estas palavras, João Lourenço procedeu a mais uma interferência aberta na vida interna da UNITA, provando a todos os angolanos e à comunidade internacional que foi ele o verdadeiro instigador do acórdão político nº 700/2021 do Tribunal Constitucional, com o fim evidente de criar instabilidade no seio do maior partido da oposição”.
No comunicado, a UNITA declara "a todos os angolanos que sairá na mão de cima dessa investida que está a sofrer por parte de João Lourenço, pois enquanto houver o povo angolano nada conseguirá impedir a entrega [do partido] ao bem-estar de todos os cidadãos”.
“Ademais, pensar que humilhando o presidente Samakuva se consegue fomentar uma rebelião interna é não conhecer a UNITA. Tenha o nome que tiver o presidente da UNITA, ele será defendido por todos os militantes do partido”, salienta o documento.
O Comité Permanente manifestou “a sua total solidariedade” pelo “difícil, mas honroso trabalho de dirigir a UNITA, durante esta fase” a Isaías Samakuva e igualmente a Adalberto Costa Júnior “presidente eleito de acordo com os estatutos da UNITA no congresso de 2019, injustamente anulado pelo acórdão político nº 700/2021 do Tribunal Constitucional”.