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Eleições 2017: João Lourenço acusa UNITA de não querer eleições até 2030

17 Agosto, 2017

O cabeça-de-lista do MPLA às eleições gerais angolanas de 23 de agosto, João Lourenço, criticou hoje as propostas dos partidos da oposição, nomeadamente da UNITA, que acusou de não querer novas eleições até 2030.

O vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e ministro da Defesa discursava para milhares de apoiantes no centro da cidade do Lobito, província de Benguela, de onde é natural, começando por acusar o maior partido da oposição, por apresentar aos eleitores um programa de Governo 2015/2030.

"Mas quem é que lhes disse que estas eleições são para eleger um Presidente [da República] e um Governo para ficar até 2030", questionou João Lourenço, sempre sem nunca referir diretamente o nome de qualquer outra das forças políticas concorrentes.

"Estranha-nos que algumas formações políticas, que até se arvoram dizendo ser líderes da oposição, não conheçam a Constituição. Porque o voto que estão a pedir aos eleitores é um voto para 13 anos. Quer dizer que durante 13 anos, se eles vencessem hipoteticamente as eleições, não voltariam a chamar o povo para decidir nas urnas, porque já teriam um mandato para governar durante 13 anos, o que é contra a Constituição e a Lei", afirmou o candidato do MPLA.

O general, na reforma, que tenta suceder à liderança de 38 anos de José Eduardo dos Santos como chefe de Estado angolano, dedicou parte do discurso de uma hora à oposição: "Se há razoes para votar no MPLA e no seu candidato, há razões para não votar nos outros. E sobre isso, poucas vezes temos falado".

"Nós sabemos que o voto que estamos a pedir aos eleitores tem um prazo de validade de cinco anos", insistiu Lourenço, acusando - sem referir o nome - a UNITA de querer "enganar os eleitores" com as referências do plano de governação até 2030, que, ironizando, diz ter sido "cozinhado a correr, às pressas".

"Essa gente não é séria, não merece sequer liderar a tal oposição", disse

Na mesma tónica, João Lourenço recordou que a Constituição não prevê o federalismo, como defendeu, no seu programa, o Partido de Renovação Social (PRS), atualmente com três deputados eleitos, entre 220, pelo que necessitaria de dois terços dos parlamentares para alterar a Constituição.

"Esse milagre não há de acontecer nunca", disse, classificando-o como "partidozito" e voltando a pedir uma maioria qualificada, de dois terços dos deputados, para o MPLA, nas eleições gerais de 23 de agosto.

Para isso, João Lourenço passou a pedir o voto "na bandeira mais famosa do país", aludindo ao símbolo do partido, semelhante à bandeira de Angola, com as cores preta e vermelha.

"Saímos daqui com uma certeza: Com a certeza que vamos dar 5-0 [número de deputados a eleger em cada província] em Benguela, porque por muito alto que o 'galo voe' [lema da UNITA] jamais alcançará a estrela brilhante do MPLA", concluiu.

O encerramento da campanha eleitoral do MPLA está previsto para sábado, nos arredores de Luanda, num comício que além do candidato deverá juntar, pela primeira vez, também o chefe de Estado e líder do MPLA, José Eduardo dos Santos.

Angola vai realizar eleições gerais a 23 de agosto deste ano, às quais concorrem o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).

A Comissão Nacional Eleitoral de Angola constituiu 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto, algumas a serem instaladas em escolas e em tendas por todo o país, com o escrutínio centralizado nas capitais de província e em Luanda, estando 9.317.294 eleitores em condições de votar.

A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).

O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições gerais de 2012.

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