Segundo "Tanaice Neutro", a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição, venceu as eleições gerais de 2022, oficialmente ganhas pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975), pelo "grande apoio da sociedade".
"Ninguém, absolutamente ninguém entrega o poder de bandeja. A oposição [UNITA] venceu, mas mais uma vez negociou tal como em 2017, então quando a oposição entrega o poder não entrega de bandeja, há negociações", disse o ativista em conferência de imprensa.
O músico, já em liberdade há quase três semanas, que falava sobre as circunstâncias da sua detenção, em janeiro de 2022, antes das eleições de agosto do mesmo ano, disse que a "UNITA negociou o poder com o MPLA em troca de benesses".
Recordou que o partido dos "maninhos", que conquistou 90 lugares no parlamento (legislatura 2022-2027) quase o dobro das eleições anteriores, teve um "grande apoio dos cidadãos inclusive de membros e militantes do MPLA" nas eleições, mas estes "dececionaram" os cidadãos.
"O presidente da oposição [UNITA] antes das eleições onde é que ele morava? E depois das eleições onde está a morar?", questionou manifestando-se igualmente "dececionado" com a direção de Adalberto Costa Júnior.
"Nesse momento estou dececionado com a oposição, porque nós lutamos para tirar o partido no poder, mas mais uma vez a oposição negociou e quando a oposição negoceia quem se beneficia são apenas os seus deputados e membros de direção do partido", apontou.
Para "Tanaice Neutro", a alegada "negociação" não beneficia nem os militantes daquele partido e muito menos o povo, que vai "continuar a sofrer mais cinco anos".
"Então, nesse momento apelo à UNITA e seus dirigentes a se posicionarem como oposição, se se posicionarem também como biscateiros eu estarei também no seu calcanhar", rematou o ativista.
"Tanaice Neutro", em liberdade desde 23 de junho, após estar preso um ano e seis meses, foi condenado, em 12 de outubro de 2022, a uma pena de prisão suspensa de um ano e três meses pela prática do crime ao ultraje ao Estado, seus símbolos e órgãos.
O ativista, que ficou ainda conhecido como "preso político", considera mesmo que esteve apenas preso, mesmo após condenação por pena suspensa, por alegadas "ordens superiores".