“Há entre nós atos de intolerância política que têm a ver com agendas política escusas”, disse Esteves Hilário hoje em Luanda, num encontro com jornalistas e fazedores de opinião.
“Eu não gostaria que o meu adversário político fosse impedido de entrar num bairro, isso não e democrático. Em democracia, nós temos de ter consciência de que nem sempre vamos agradar a todos, e aqueles que não nos agradam não se tornam nossos inimigos, são só nossos adversários políticos naquela circunstância”, salientou o secretário do Bureau Político para a Informação e Propaganda do MPLA.
“Somos todos angolanos”, reforçou o dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido do poder em Angola desde a independência do país, em 1975.
Recentemente, a UNITA, principal partido da oposição, queixou-se de estar a ser alvo de alegados atos de intolerância, responsabilizando militantes do MPLA por ataques a deputados do partido.
Hilário admitiu, por outro lado, que há insatisfação devido à situação económica que Angola vive, incluindo entre militantes do MPLA.
“Sabemos disso e compreendemos”, disse o responsável, acrescentando que as reformas macroeconómicas em curso são necessárias e que é preciso apertar o cinto.
“A construção de um país tem essas dores de parto, são naturais”, comentou o deputado e professor universitário.
Respondendo aos jornalistas que o questionaram sobre a alegada teimosia do Presidente angolano, considerou que João Lourenço é “um 'kota' [adulto respeitado, na gíria angolana] fixe”, negando que os que se relacionam de forma próxima com o chefe do executivo angolano tenham essa experiência.
“É uma pessoa de convicções, é diferente de ser teimoso”, destacou.
Sobre o recente aumento dos preços dos autocarros, que triplicaram no último mês, o responsável do MPLA, afirmou que teve a ver com a retirada dos subsídios, sendo “resquícios” de uma economia centralizada.
“O que se está a fazer, no âmbito da reforma económica, é diminuir os subsídios públicos à economia”, sublinhou, assinalando que “infelizmente o dinheiro público não é elástico” e que o que se pretende é que as futuras gerações não estejam tão penalizadas pelo peso da dívida. “É óbvio que são medidas impopulares, que só se conseguem fazer com lideres não populistas”, salientou o porta-voz do MPLA.