Angolanos não têm ainda país que queriam e todos são culpados e vitimas - Isaías Samakuva

O presidente da Fundação Jonas Malheiro Savimbi (FJMS) disse hoje que perto de completar 50 anos de independência, os angolanos não têm o país que queriam, mas que todos são ao mesmo tempo culpados e vítimas.

Isaías Samakuva falava à imprensa no final de uma mesa-redonda promovida pela FJMS, o líder fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) sobre "O Papel dos Três Movimentos de Libertação na Luta pela Conquista da Independência de Angola".

Na luta pela independência de Angola participaram o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), cujo representante esteve ausente por imperativos de agenda, a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), representada por Carlinhos Zassala, antigo dirigente, e a UNITA.

“Eu digo que temos agora quase 50 anos de caminhada da independência e o que temos não é aquilo que queríamos. Em primeiro lugar, acho que não vale a pena procurarmos os culpados, costumo dizer que culpados nesta caminhada somos todos, também vítimas fomos todos”, disse.

Para Isaías Samakuva, na reflexão dos 50 anos de independência é necessário “tirar conclusões e encetar agora um novo caminho”.

“Todos os angolanos têm uma oportunidade de refletir sobre o Estado da nação e de facto tirar conclusões se o caminho que encetamos e que estamos a percorrer é o mais adequado ou se precisamos de mudar”, disse.

O político destacou que “se em muitas coisas os angolanos estão desavindos, há uma coisa em que são consensuais: o dia 11 de novembro todos o reconhecem como o dia da independência do país”.

“Penso que a esse respeito não há diferença, todos celebramos – mesmo nas matas em plena guerra no dia 11 parávamos – é o dia da independência nacional”, salientou.

Isaías Samakuva considerou fundamental o papel dos três movimentos de libertação para a independência de Angola, destacando o contributo de cidadãos anónimos, cujos nomes não constam da história angolana.

Segundo o ex-presidente da UNITA, os três movimentos “congregaram nos seus movimentos grande parte de angolanos desejosos de verem o país liberto, e desenvolveram uma atividade mais organizada, mais estruturada e com maiores resultados”.

Contudo, são muitos os anónimos que participaram na luta pela independência do país “desinteressadamente”, acrescentou Isaías Samakuva.

“Eu conheço pessoas que trabalharam fortemente, empenharam-se no processo da libertação do país, mas fizeram-no desinteressadamente e também sem precisarem de se alinharem [aos movimentos]”, referiu citando vários nomes “de pessoas que se sacrificaram”.

Isaías Samakuva frisou que esta mesa-redonda visou clarificar os feitos de Jonas Savimbi, bem como de outras personalidades angolanas que trabalharam para o engrandecimento do país.

Carlinhos Zassala concordou que é preciso divulgar a participação de muitas figuras que participaram na luta de libertação, que são desconhecidas, citando o caso do cónego Manuel das Neves, filho de um português e uma angolana, pelo seu papel na independência de Angola.

“Na minha opinião para reconhecermos todos aqueles que sacrificaram as suas vidas o aeroporto atual que chamamos 4 de Fevereiro deveria ser chamado aeroporto cónego Manuel das Neves”, defendeu.

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