Deputado desde 2017, Nelito Ekuikui é, há dois anos, secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), o braço juvenil da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o principal partido da oposição. Em entrevista ao Expresso em Lisboa, acusa o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde a independência do país, em 1975, de manter um “jogo viciado”, ser o rosto do “neocolonialismo em África” e já não ter “nada a dar” a Angola.
Ekuikui propõe medidas como a eleição direta de juízes do Tribunal Constitucional, mas evita falar de divisões na UNITA, que tem Congresso Nacional agendado para dezembro.
Segundo o deputado, "o MPLA é, efetivamente, o elo mais fraco nesta luta. No entanto, sequestrou as instituições, e a falta de conhecimento e a pobreza transformaram-se nos maiores inimigos para a construção de uma Angola nova. A caminho de 50 anos de exercício pleno do poder, com um longo período de guerra que tivemos, foi sempre o MPLA que governou Angola".
Para Nelito Ekuikui, Angola não é uma democracia, "somos uma autocracia, vamos lutando para termos uma democracia. Com um Presidente completamente partidário, uma Assembleia controlada pelo poder político e um Conselho Superior da Magistratura sequestrado pelo poder político, o que vem daí é a legitimação de um poder. Para desfazer a desconfiança que existe, é fundamental outro critério de indicação de juízes. E há países que já experimentaram isso. Juízes da Corte Suprema são eleitos pelo povo. O México vai começar a eleição de juízes da Suprema Corte e baniu a autocracia, está a caminhar para uma democracia, não tem muitos anos. Teve um partido que fez muitos anos no poder", lamentou.