"O MPLA está, como sempre esteve, coeso e unido em torno dos seus ideais, a bandeira e o lider", declarou Esteves Hilário, durante uma conferència de imprensa hoje, em Luanda, onde apresentou o programa de comemorações do 69.º aniversário do partido.
Reconheceu, porém, que não existe unanimidade interna: "Onde há humanos, há divergência de pensamento, é o normal", afirmou, acrescentando que essas diferenças não constituem rutura nem ameaça à coesão do MPLA, "porque o MPLA é um partido disciplinado".
Neste âmbito, prosseguiu, quem tiver uma ideia diferente da direção do partido pode expor as suas ideias nos espaços próprios.
"Isso faz parte da própria democracia que o MPLA sempre defendeu nas suas estruturas internas", reforçou.
Questionado sobre o congresso previsto para o próximo ano, no qual deverá ser escolhido o sucessor de João Lourenço na liderança do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o porta-voz considerou prematuro avançar discussões, remetendo decisões para os órgãos competentes.
Em relação ao processo judicial que envolve o general Higino Carneiro, constituido arguido na semana passada, evitou comentar matérias judiciais e sublinhou que será o Comité Central a definir quem reúne condições para ser candidato.
Esteves Hilário reiterou que o combate à corrupção, bandeira do Presidente João Lourenço, é para levar até às últimas consequências, independentemente de atingir militantes do MPLA.
"É um projeto do MPLA. [O partido] tem, obviamente, dores, porque é cortar na própria carne", disse, sublinhando ainda que o processo "é permanente" e que os resultados são visiveis "nos ativos e dinheiro recuperados que foram postos à disposição dos angolanos".
Esteves Hilário reconheceu o desgaste politico acumulado, mas rejeitou qualquer tentativa de minimizar dificuldades:
"Não fazemos a politica do avestruz. Ninguém esconde a cabeça debaixo da areia para que a tempestade passe, a tempestade é para ser assumida. Os momentos são desafiantes, nós estamos aqui para dar a cara e resolver efetivamente esses problemas".
Questionado sobre o risco de a população estar cansada de sacrificios e optar por uma alternância em 2027, caso a oposição se apresente unida, respondeu que "o povo angolano é resiliente" e insistiu que o MPLA está a preparar-se para voltar a vencer as eleições, com uma maioria mais expressiva, garantindo que "o partido está a crescer".
"Não será a primeira vez que a oposição se une contra o MPLA em pleito eleitoral e o resultado depois os senhores verão. Nós não estamos minimamente preocupados com isso. Nós estamos preocupados com a nossa organização interna, com a resolução dos problemas do povo", vincou.
O porta-voz disse ainda que o partido quer inverter os resultados menos favoráveis de 2022, apontando dificuldades em comunicar com a população durante a pandemia de covid-19:
"A pandemia da Covid-19 foi o momento em que nos retirou o contacto direto com os nossos militantes e tivemos dificuldade em explicar às pessoas, obviamente, o bem fundado das medidas económicas que estávamos a implementar", justificou.





