As conclusões constam do relatório da Assistência e Reinserção Social em Angola, divulgado este mês pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, ao qual a Lusa teve hoje acesso, confirmando os efeitos da crise que afeta o país na atribuição de apoios sociais pelo Estado.
Na componente de famílias assistidas com bens alimentares, o relatório, produzido pelo Ministério da Assistência e Reinserção Social, refere que as metas estabelecidas para 2016 previam a distribuição de alimentos, nas 18 províncias, a 15.000 famílias vulneráveis.
Contudo, esse apoio só chegou a 6.496 famílias, sendo que mais de metade (3.717) foi na província do Cunene, que vive uma prolongada estiagem, afetando a agricultura e a criação de gado.
A falta de apoio nas restantes províncias é justificada no relatório com a "escassez de meios", com o documento a considerar ainda 2016 como "um ano bastante difícil em termos de aprovisionamento de bens alimentares e não alimentares", deixando o projeto de assistência às famílias vulneráveis realizado em apenas 43% do valor global.
As províncias do Namibe e do Zaire não chegaram a ter qualquer família vulnerável contemplada com estes apoios, enquanto no Uíge apenas sete receberam alimentos.
No capítulo de vítimas de sinistros e calamidades assistidas, o estudo aponta para 26.961 pessoas que receberam algum tipo de apoio, com o Cunene a concentrar, uma vez mais, a atenção. Só nesta província, 20.333 tiveram de ser assistidas vítimas de calamidades, nomeadamente da seca que afeta, além do Cunene, outras regiões do sul de Angola.
Em 2015, o número de pessoas assistidas em Angola, vítimas de calamidades, foi de 366.764, de acordo com o estudo.
Para "apoiar as condições de habitabilidade e minimizar situações de risco", o anuário da Assistência e Reinserção Social em Angola refere ainda que em 2016 foram entregues 32.005 chapas de zinco a 1.136 famílias em todo país, sobretudo nas províncias de Luanda (11.370) e do Uíge (5.815), regiões habitualmente afetadas pelas fortes chuvas.