Guilherme Silva disse, em declarações à agência Lusa, que o aumento da adesão significa o elevado grau de insatisfação entre a classe docente, porque o próprio Ministério da Educação "nunca soube proteger os quadros".
"Mas estamos num momento de negociações, o executivo criou um comité de crise, coordenado pelo ministro da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), Jesus Maiato, e neste sentido notamos que está a haver interesse da parte do executivo em encontrar saída desse momento que vivemos de greve", disse.
Segundo o sindicalista, esta greve poderia ter sido "evitada se o executivo tivesse olhos de ver e ouvidos de ouvir", já que apelaram com documentos à realização de vários encontros, com dirigentes governamentais, no início do ano.
Este período de greve no ensino geral em Angola, entre 09 e 27 de abril, corresponde à terceira e última fase da paralisação anunciada em 2017.
A Lusa constatou nos últimos dias, em Luanda, a generalidade das escolas encerradas, devido à falta de professores.
"Chegamos até onde estamos agora e a avalanche da adesão à greve, neste momento o executivo está a movimentar-se, até o próprio partido assistente do Governo teve uma reunião extraordinária do secretariado do seu Bureau Político e vamos ver se de facto eles venham a assumir o cronograma que se está a trabalhar", disse.
Guilherme Silva sublinhou que se está a trabalhar no cronograma, que deve ser de curto prazo, no sentido de o Sinprof levar ao conhecimento dos professores que o executivo assumiu que vai cumprir os prazos discutidos nesta negociação.
"Mas até lá, a greve continua, está em pé e até nas províncias onde, no passado, a adesão foi muito baixa. Estamos a falar de Benguela, Huambo, Bié, Cuando Cubango e Moxico. Este ano a adesão é esmagadora", frisou.
O sindicalista acredita que com a entrada do titular do poder executivo a resolução dos problemas avista-se "uma luz no fundo do túnel".
"Porque os ministros são auxiliares, estamos em crer que também o titular do poder executivo não tinha eventualmente a noção do problema da educação como tal. Nos parece que os gestores da educação não têm sabido catalogar e levar a quem de direito os problemas que o setor atravessa, mas essa greve veio tirar a tampa da panela e as pessoas agora, os governantes veem que o caso é sério, porque o país parou", referiu.
"Nós acreditamos, temos fé, que há uma luz no fundo do túnel, nós temos uma comissão de negociação, que está a trabalhar com a comissão da contraparte, neste momento, segundo a Lei da Greve, há na mesa de negociação o patronato [Ministério da Educação), e do nosso lado, sete colegas coordenados pela secretária-geral, Hermínia do Nascimento, e tem a outra figura, que é o mediador, que são os técnicos do MAPTSS", acrescentou.