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Quantum Global queixa-se de não ter oportunidade de defesa nas Ilhas Maurícias

Post by: 12 Abril, 2018

A Quantum Global, liderada pelo suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais, queixou-se hoje da decisão das autoridades financeiras das Ilhas Maurícias, que congelaram sete fundos geridos pela empresa para o Fundo Soberano de Angola (FSDEA), alegando que não se defenderam.

Em comunicado enviado à Lusa, em Luanda, a Quantum Global anunciou hoje que pediu formalmente à Comissão de Serviços Financeiros (FSC) das Ilhas Maurícias para que "apresente uma explicação clara da sua decisão em suspender as licenças da empresa na semana passada, e que permita à companhia ter uma audição justa".

A FSC refere ter suspendido as licenças a 08 de abril, com base numa ordem de restrição emitida pelo Supremo Tribunal das Maurícias, e deu sete dias à Quantum Global "para fazer uma representação por escrito".

Contudo, diz a empresa contratada por José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e que até janeiro último administrava o FSDEA, "o regulador não forneceu quaisquer detalhes sobre a causa subjacente para a ordem de restrição ou para a suspensão da licença".

As autoridades financeiras das Ilhas Maurícias anunciaram a 09 de abril o congelamento de sete fundos geridos pela empresa de Jean-Claude Bastos de Morais, após uma reunião do primeiro-ministro com um representante do Governo de Angola.

Os sete fundos cujas contas foram congeladas estavam em três bancos e eram propriedade da Quantum Global Group, que está a gerir 3.000 milhões de dólares do FSDEA.

O congelamento dos fundos acontece depois de um representante do Governo angolano se ter reunido com o primeiro-ministro, Pravind Jugnauth, a 03 de abril, de acordo com a imprensa local.

Nesse mesmo dia, partiu de Luanda, com destino à capital das Ilhas Maurícias, Port-Louis, de acordo com informação a que a Lusa teve acesso, o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, em visita de trabalho.

Os ativos nestes fundos estão entre os 150 e os 200 milhões de dólares, segundo duas fontes anónimas citadas pela Bloomberg, que dá conta ainda de que a comissão cobrada por Bastos de Morais para gerir os três mil milhões de dólares do Fundo Soberano está entre os 60 a 70 milhões por ano.

As ligações entre o antigo presidente do FSDEA e o gestor com nacionalidade suíça e angolana têm sido alvo de críticas por parte da oposição e de várias organizações que questionam os montantes envolvidos e a aplicação das verbas sob gestão da Quantum Global.

"É difícil defendermo-nos contra ações das autoridades quando as razões não são apresentadas claramente, apesar das nossas repetidas tentativas de receber esta informação", refere, citado no comunicado de hoje, Jean-Claude Bastos de Morais, fundador e presidente do conselho de administração da Quantum Global.

Acrescenta que na situação atual, nomeadamente "a pressa" em "sancionar" a empresa, a Quantum Global "tem visto os seus negócios serem seriamente prejudicados", com "impacto real nos nossos empregados, clientes, parceiros e nos importantes projetos de desenvolvimento que estamos a gerir em Angola e África".

"O que é errado, e contra os princípios básicos da justiça natural. Precisamos urgentemente de ter uma audição justa, para que possamos limpar o nosso nome e continuar a conduzir as nossas atividades de investimento para o benefício dos nossos clientes e um desenvolvimento positivo de África", acrescentou Jean-Claude Bastos de Morais.

O líder daquela empresa afirma mesmo que "como investidor significativo nas Maurícias", a Quantum Global espera que a FSC "siga o devido processo e dê à Quantum Global a oportunidade de se defender".

"Mantemo-nos confiantes e resolutos na nossa capacidade de nos defendermos vigorosamente e planeamos fazê-lo quando entendermos plenamente as razões específicas que levaram às ações tomadas contra nós", concluiu Jean-Claude Bastos de Morais.

José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente angolano, e o ex-governador do Banco Nacional de Angola (BNA) Valter Filipe foram constituídos arguidos pela justiça angolana pela prática suspeita de crimes de defraudação, peculato e associação criminosa, entre outros, no âmbito de uma transferência alegadamente ilícita de 500 milhões de dólares para uma conta num banco em Londres.

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