Costa Almeida argumentou que, até há pouco tempo, não estava previsto qualquer congresso extraordinário e que, dentro dos "mentideros" do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) não havia nenhuma indicação clara e objetiva sobre se José Eduardo dos Santos iria deixar o partido e sobre quem o iria substituir.
"Mas, cedência, é. Se é imposta, isso já será difícil de dizer, porque as informações que circulam e que transpiram não são muito claras (...) Nunca tivemos a certeza absoluta de qual seria a ideia de Eduardo dos Santos, se era ele que estava por trás, se eram aqueles que não queriam perder, que é o que parece, alguns benefícios e regalias que tinham ou se seriam ainda outras pessoas a provocar esta situação", disse.
"Há indicações de que há muito que Eduardo dos Santos estava a ser pressionado para sair da liderança do MPLA porque a bicefalia não era possível", realçou o investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE do Instituto Universitário de Lisboa, admitindo, também as possibilidades de um estado de saúde debilitado e o cumprimento da promessa de abandonar definitivamente a política.
Sobre o futuro congresso do MPLA, partido a cuja liderança apresentará apenas a candidatura de João Lourenço, atual chefe de Estado angolano, Costa Almeida realçou uma ideia pessoal.
"João Lourenço deve aceitar a liderança do MPLA, mas deve, imediatamente, delegar poderes num vice-presidente para não haver aquela sensação de conflito entre Presidência da República, que é o presidente do povo angolano e não dos angolanos do MPLA, e o facto de ser presidente do MPLA em que o que faria seria sempre subjetivo que era o MPLA que impunha as normas ao Governo", concluiu.
Hoje, em Luanda, o MPLA aprovou a realização de um congresso extraordinário na primeira quinzena de setembro deste ano e a candidatura de João Lourenço ao cargo de presidente do partido, ocupado desde 1979 por José Eduardo dos Santos.
"O bureau político aprovou a proposta de resolução e o cronograma de preparação e realização do 6.º Congresso Extraordinário do partido, a ter lugar na primeira quinzena de setembro próximo e, consequentemente, aprovou a candidatura do camarada João Lourenço, atual vice-presidente, ao cargo de presidente do MPLA", lê-se no comunicado daquele órgão partidário.