A situação foi relatada hoje à Lusa por um dos coordenadores da comissão de lesados, Hélio Silvestre, que atribui culpas à antiga Agencia de Investimento Privado (ANIP) de Angola, pelo facto de "certificar uma empresa que não era idónea", lamentando por isso o "silêncio das autoridades".
"Somos no total 1.160 pessoas lesadas. Estamos a falar em mais de 240 milhões de dólares, que as pessoas investiram neste projeto. A situação é preocupante. Nós já reportamos, na altura, o assunto à antiga direção da Procuradoria, ao antigo Presidente da República e nada", disse.
Os projetos imobiliários, sob tutela da Build Angola, para a construção de condomínios residenciais nas províncias angolanas de Luanda e Bengo, tiveram uma massiva divulgação em 2008, o que despertou a adesão de cidadãos para a concretização do sonho da casa própria.
Sonhos que, segundo Hélio Silvestre, foram transformados, dez anos depois, em autênticos pesadelos, afirmando tratar-se de um "caso de burla e com a conivência da extinta ANIP", afirmando mesmo que "estão à sua sorte", pois a "justiça para esse caso está de férias".
"É por isso que voltamos a escrever para o novo Presidente da República, para a Procuradoria-Geral da República, para a Provedoria de Justiça e para a Assembleia Nacional, sobretudo a quinta comissão, para que nos acudam e ajudem a resolver o caso", apontou.
"Nossa Vila, Bem Morar, Nosso Lar, Quintas do Rio Bengo e Copacabana" são alguns dos nomes dos condomínios promovidos na época, por figuras públicas angolanas e brasileiras, mas que passados dez anos, explicou Hélio Silvestre, alguns dos espaços publicitados estão "vedados e outros sem qualquer construção".
O grupo de lesados está esperançoso que o caso conheça agora algum avanço, com a existência de um novo Procurador-Geral da República, depois de terem já ouvido "alguns pronunciamentos em acompanharem o caso", pese embora ainda não tenham sido ouvidos.