A direção da ENANA convocou, segundo um documento a que tivemos acesso ontem, Mário Canda Júnior, controlador de tráfego aéreo, para responder a um processo disciplinar por ter participado, no mês passado, num debate radiofónico (Rádio MFM) em que, entre outros assuntos, se expôs a inexistência de serviço de ground control e o risco iminente de colisão entre aeronaves.
As declarações do controlador em destaque, bem como dos outros participantes no painel, tiveram uma grande repercussão na sociedade e, principalmente, para aqueles que diariamente fazem o uso dos serviços aeronáuticos, o que criou “dessabores” à direção da ENANA.
No processo disciplinar em que é tratado como “infractor”, Mário Canda Júnior foi chamado para entrevista, ontem, pelas 14 horas, no Gabinete Jurídico e Contencioso do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, pelo facto de, diz a empresa, “as suas declarações, relativas às condições e situações envolventes ao trabalho que presta na ENANA, estarem eivadas de inverdades”.
Consta na convocatória que o trabalhador, no debate na referida estação radiofónica, disse que na ENANA “não existe um serviço de Ground Controlo; o controlo de tráfego aéreo é arcaico; há risco iminente de colisão entre aeronaves; os controladores efectuam cálculos de cabeça e que “Deus é angolano e Controlador de Tráfego Aéreo”.
A ENANA, por sua vez, diz que tais declarações do trabalhador, dadas durante o debate radiofónico, não correspondem com a verdade e serviram pura e simplesmente para denegrir a imagem da empresa.
As mesmas contrariam os deveres adstritos ao trabalhador, pelo que a sua conduta é passível de despedimento disciplinar por justa causa.
A ameaça de despedimento não é feita apenas a Mário Canda Júnior, mas também ao colega que o acompanhou no debate, uma situação que criou alaridos, não apenas entre os trabalhadores da ENANA, mas na sociedade, que comenta o assunto.
Do lado da empresa, OPAÍS contactou Sílvio Morais, porta-voz da ENANA, que, 24 horas depois, disse que o assunto está aos cuidadosdo Gabinete Jurídico da empresa. “Sendo assunto muito sensível, está a ser tratado em fórum próprio”. Nada mais pôde adiantar.