Luaty Beirão foi preso, a 20 de junho de 2015, por se insurgir contra o regime do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos. Luaty fez parte do grupo de 16 homens que foram detidos por terem criticado publicamente a liderança do pai de Isabel dos Santos e por estarem a ler o livro “Da Ditadura à Democracia”. Para Luaty, a detenção do grupo foi orquestrada pelas altas figuras do governo, com o intuito de os silenciarem.
“A minha prisão foi um processo programado. A própria detenção envolveu imensas pessoas e foi algo vindo de uma alta esfera. Depois do erro acho que foi uma questão de orgulho e infantilidade. A prepotência fê-los acreditar que íamos ceder”, afirmou Luaty.
O que muitos consideraram uma demonstração de força gratuita do regime angolano ganhou maior expressão devido à greve de fome que Luaty travou durante 36 dias, pondo em risco a sua própria vida. Segundo Luaty, a dinâmica política em Angola é já “ligeiramente diferente”.
No entanto, o ativista considera que o governo de José Eduardo dos Santos não tem estrutura para liderar. “O método de conter as vozes dissonantes não vai durar para sempre. Seria um grande passo se este regime admitisse que não está a conseguir um regime transparente”, acrescentou.
Apesar de saber que continua a ser controlado, Beirão afirma que vive a sua vida sem medo e de forma bastante tranquila.
“Sei que sou controlado mas eles estão mais discretos. Eu e os outros homens bloqueamos a sensação de medo. estou tão tranquilo que vou levar a minha filha de bicicleta todos os dias à creche”, revelou à N-TV.
Sobre Isabel dos Santos, afirmou que a mudança de postura da filha do presidente angolano é “suspeita”. Isabel dos Santos aderiu recentemente às redes sociais e no Twitter tem criticado a posição do ativista. “Não estava à espera que a Isabel dos Santos me respondesse. Parece-me que está a preparar alguma coisa. No entanto, não acho que esteja preparada para liderar Angola”, referiu o luso-angolano.
Luaty Beirão considera que é importante que figuras como Isabel dos Santos se disponham ao escrutínio público, mas que não devem usar a sua exposição como ferramenta para atacar “vozes dissonantes”. “É muito importante que as pessoas, que andaram escondidas tantos anos, se disponibilizem. Se se predispõem a ter redes sociais ao menos que discutam os assuntos publicamente”, concluiu o ativista.
N-TV