Cafunfo: ERCA apela à imparcialidade da imprensa

Post by: 10 Fevereiro, 2021

O conselho diretivo da ERCA - Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana recomendou hoje “um maior esforço de contenção” e gestão de informação disponível sobre os acontecimentos em Cafunfo, para “se evitar o agravamento do clima existente”.

Num comunicado do conselho diretivo da ERCA, emitido após uma sessão plenária hoje realizada, este recomendou “que nestes momentos mais sensíveis haja um maior esforço de contenção por parte de quem tem responsabilidades editoriais, no sentido de se fazer a melhor e mais equilibrada gestão da informação disponível, para se evitar o agravamento do clima existente”.

Na nota, a ERCA apelou “à generalidade da comunicação social” para que realize uma cobertura dos factos e dos protagonistas da forma “mais abrangente e objetiva possível”.

A ERCA registou também que a Constituição de Angola “condena energicamente qualquer ação de desmembramento ou de separação” do território nacional e que este princípio não pode ser ignorado “em circunstância alguma pelo trabalho dos órgãos de comunicação social e dos jornalistas”.

A polícia angolana afirma que cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende autonomia desta região rica em recursos minerais, tentaram invadir, em 30 de janeiro, uma esquadra policial, ação que levou as forças da ordem e segurança a defender-se, atingindo mortalmente seis pessoas.

A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local, que falam em mais de 20 mortos.

A UNITA, maior partido da oposição angolana, referiu hoje que pelo menos 28 pessoas morreram de forma “bárbara, hedionda e fria” e 18 ficaram feridas nos incidentes em Cafunfo.

O documento, que contraria a versão de ato de rebelião e fala em protesto com 93 manifestantes, foi compilado por cinco deputados da UNITA que foram impedidos pelas forças da ordem e segurança de entrar para a vila mineira de Cafunfo e ficaram retidos durante quatro dias a cinco quilómetros da região.

O MPPLT luta pela autonomia da região das Lundas, no Leste-Norte de Angola.

A autonomia da região das Lundas (Lunda Norte e Lunda Sul, no leste angolano), rica em diamantes, é reivindicada por este movimento que se baseia num Acordo de Protetorado celebrado entre nativos Lunda-Tchokwe e Portugal nos anos 1885 e 1894, que daria ao território um estatuto internacionalmente reconhecido.

Portugal teria ignorado a condição do reino quando negociou a independência de Angola entre 1974/1975 apenas com os movimentos de libertação, segundo o movimento.

Tag:
Last modified on Quarta, 10 Fevereiro 2021 23:52
- --