Jomo Fortunato falava no final de um encontro que manteve com representantes de 18 instituições religiosas, com as quais abordou a parceria entre o executivo e as igrejas, o reforço da aproximação institucional, o papel das igrejas em tempo da pandemia de covid-19 e breve informação sobre o processo de reconhecimento de confissões religiosas.
O governante angolano referiu que este tipo de encontros deve ser permanente e que o diálogo entre o Estado e as igrejas seja contínuo.
“É um encontro que eu achei pertinente, porque compreender as igrejas, os seus dogmas, as suas doutrinas, a sua liturgia, significa também perceber o tecido social angolano”, disse.
De acordo com dados do Instituto Nacional para Assuntos Religiosos (INAR), Angola tem 81 igrejas reconhecidas e 97 por reconhecer, das quais 16 têm em curso o processo de reconhecimento pelo Estado, havendo ainda perto de 3.000 confissões religiosas ilegais no país.
O titular da pasta da Cultura, Turismo e Ambiente frisou que existem no país “práticas ditas religiosas que não são recomendadas”, nomeadamente acusar crianças de feitiçaria, de crentes que mudaram totalmente de comportamento e da sua linha de educação familiar.
“Estou a falar de determinadas práticas de seitas religiosas que contribuem de forma negativa para a estabilidade das famílias e recebemos importantes contributos dessas igrejas que foram convidadas, que em nossa opinião constituem as mais reconhecidas, credenciadas e aquelas muito próximas do Estado nesse diálogo, que nós reiteramos aqui a ideia, que tem que ser permanente e contínuo”, frisou.
Jomo Fortunato realçou que os critérios doutrinários e dos dogmas têm que ser revistos, porque há “práticas não muito boas” e questões muito sensíveis para a sociedade “que têm que ser vistas com maior acuidade”.
“Com um estudo muito mais apurado dessas questões nós teremos de facto uma igreja mais sadia, porque chegamos à conclusão que os critérios do INAR têm que ser melhorados e temos que receber aconselhamento dos mais velhos em relação aos critérios de reconhecimento das igrejas”, defendeu.
“Com um melhor trabalho de reconhecimento dos critérios pelos quais as igrejas são reconhecidas, nós teremos melhores igrejas e ato contínuo teremos uma melhor sociedade”, acrescentou.
O governante avançou que brevemente será realizada uma reunião com o INAR para se colocar em prática “a opinião dos mais velhos das igrejas” que recebeu.
Durante o encontro, os problemas de natureza social dominaram as preocupações apresentadas pelas igrejas participantes, destacando-se as áreas da educação e combate à pobreza.
“Temos tido o contributo das igrejas em locais recônditos, locais em que às vezes o Estado não chega e a igreja chega primeiro, julgo ser inteligente esta aproximação do Estado às igrejas, por forma a resolver os problemas sociais junto das populações”, salientou Jomo Fortunato, recomendando união na solução dos grandes problemas sociais que afligem o povo.
Em Angola, 80% dos seus cidadãos são cristãos, 12% ateus, encontrando-se igualmente entre a população crentes da religião muçulmana, judia e hindu.