Afonso Nunes falava no final de um encontro promovido pelo Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente com representantes de 18 igrejas, para abordar a parceria com o executivo, o reforço da aproximação institucional, o papel das igrejas em tempo da pandemia de covid-19 e breve informação sobre o processo de reconhecimento de confissões religiosas.
“Eu sou o líder da igreja espiritual Jesus Cristo no Mundo, por isso, nesta altura não quero aprofundar isso. Estou aqui, quem me convidou é o Governo, que conhece o meu papel, que conhece quem sou, agora se há um ou outro problema dessa natureza que citou, a seu tempo tudo se vai aclarar”, disse o bispo.
Segundo Afonso Nunes, participou no encontro a convite do ministério como líder espiritual.
“E é este o meu papel. Se há um ou outro problema, se há qualquer situação criada por alguém, por um grupo, por indivíduos, não é esta a situação que me traz aqui, a seu tempo certamente sabereis”, salientou.
O eclesiástico sublinhou que “a igreja tocoísta é uma igreja de milhares, que não se pode tomar de ânimo leve", lembrando que a confissão religiosa tem a sua responsabilidade social e espiritual "muito bem reconhecida" em Angola e internacionalmente.
“Por isso não quero entrar em coisas mesquinhas. A responsabilidade que temos é maior do que outras coisas, é preciso um coração grande como o que tenho”, frisou o bispo, destacando que a igreja atingiu a dimensão que tem “porque Deus ungiu alguém, que achou por bem, por vontade dele, e não por escolha humana”.
Para dar uma ideia da grandiosidade da igreja, Afonso Nunes afirmou que se convocar os seus fiéis para uma atividade, serão vistos “milhões e milhões [de pessoas]”.
O prelado, manifestando abertura para um diálogo com a parte desavinda, afirmou: “Ninguém pode fechar portas para uma abertura, aliás, a nossa missão é continuarmos a criar essa abertura”.
Sobre os conflitos internos de algumas igrejas, nomeadamente a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e Tocoísta (Simão Toco), o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente de Angola, Jomo Fortunato, disse que resolver esses problemas "não é função do Estado".
“O Estado pode aconselhar e o aconselhamento é sempre positivo para encontrar equilíbrios entre partes desavindas, os conflitos religiosos são bíblicos, remontam à própria existência humana, mas temos de encontrar formas de solução equilibrada entre os grupos, as tendências, as cisões e os conflitos internos das igrejas, encontrar formas que venham a mediar esse tipo de conflitos sempre na perspetiva positiva”, afirmou.
Jomo Fortunato salientou que a igreja Tocoísta é como outra qualquer e se há questões internas, “serão resolvidas da melhor maneira”.
“E nós vamos encontrar as melhores soluções, as soluções positivas, as soluções que satisfaçam a maioria”, disse.
Relativamente ao diferendo entre membros angolanos e brasileiros da IURD, Jomo Fortunato disse que o representante angolano será recebido, na quarta-feira, para discussão dos problemas existentes, “sempre na perspetiva do equilíbrio, de encontrar a paz”.
“Vamos discutir o problema das igrejas na sua generalidade, a questão aqui não está na igreja universal ou outra igreja qualquer, nós temos uma visão ecuménica da igreja, e dentro das questões que nos forem apresentadas dentro da Igreja Universal do Reino de Deus nós vamos dar soluções”, acrescentou.
Um comunicado da Igreja Simão Toco distribuído à imprensa adianta que tomou conhecimento do acórdão do Tribunal Supremo, por recurso interposto por “um grupo de irmãos que se opuseram ao despacho nº 396/15, de 16 de novembro”, do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, decidindo que a igreja retome a sua situação jurídica de 1992, em que “erradamente reconhecia a igreja alheia de Deus em três partes”.
“Entretanto, por não se conformar com o sentido decisório do mencionado acórdão, a igreja, dentro do prazo legal, já interpôs o competente recurso extraordinário de inconstitucionalidade, a ser apreciado pelo Tribunal Constitucional”, referiu a nota.
Nesse sentido, “para todos os efeitos legais”, o recurso interposto “mantém-se em vigor, válido e eficaz, porquanto o antigo acórdão não ter transitado, o resultado não produz qualquer efeito", considerou.
A igreja fala numa “errónea interpretação do acórdão” pelo grupo “12 Mais Velhos”, salientando que “não é verdade que a decisão do tribunal legitima aquela congregação como sendo a direção da igreja, nem proíbe o líder da igreja tocoísta de continuar a usar os símbolos da igreja”.
“Quer ou não, o tocoísmo será apenas um”, reforçou o comunicado.