Com base em vários documentos a que o Maka Angola teve acesso, Massano foi apontado como sendo parte da pilhagem do Banco Espírito Santo Angola (BESA) e sua transformação em Banco Económico.
Já percebemos que se tratou de uma “operação” de apropriação e pilhagem levada a cabo pelo triunvirato presidencial da época: Manuel Vicente e os generais Kopelipa e Dino, sintomaticamente conhecidos como “Irmãos Metralha”. Essa operação assentou em duas vertentes.
Na primeira, em Novembro de 2009, o BESA concedeu três créditos, no total de 375 milhões de dólares, a três empresas-fantasma, propriedade dos “Irmãos Metralha”. Estas empresas – Althis Siderurgia, Delta Inertes e Betão e Nazaki Hidrocarbonetos – simularam o levantamento dos 375 milhões de dólares para logo os depositarem na conta da Portmill, que assim comprou 24 por cento das acções do próprio BESA. Esta fraude é clara.
José de Lima Massano aparece como o responsável, na qualidade de presidente da Comissão Executiva do BAI, pela concessão do segundo crédito, também de 375 milhões de dólares, na mesma altura, para a compra das mesmas acções do BESA. Tanto Massano como os “Irmãos Metralha” sabem do desaparecimento deste crédito, que serviu para o enriquecimento ilícito do referido triunvirato.
Considerado como o “rapaz” de Manuel Vicente na banca, e pelos bons serviços prestados a interesses obscuros. José de Lima Massano foi promovido, poucos meses depois, a governador do BNA. Aqui chegamos à segunda vertente: a assembleia-geral realizada a 29 de Outubro de 2014, que reúne todos os requisitos para ser declarada ilícita.
Se repararmos, a carreira de Lima Massano acompanha a de Manuel Vicente. Em 1999, Vicente foi nomeado presidente do Conselho de Administração da Sonangol. Manteve-se nesse cargo até 2012. A Sonangol é o maior accionista do BAI. Portanto, é Vicente quem indica Lima Massano como presidente da Comissão Executiva do BAI em 2006. E possivelmente é o mesmo Vicente quem o aconselha como governador do BNA em 2010.
Nesta data, Vicente estava quase a sair da Sonangol e em ascensão política acentuada, controlando a área económica, tendo vindo a tomar posse como vice-presidente da República em Setembro de 2012.
Essa presidência do BAI coincidiu com o controlo de Vicente na Sonangol. Os mandatos de Massano como governador do BNA também coincidem com períodos de influência de Vicente. Estes são factos coincidentes.”
“O actual governador do BNA, e o grupo de interesses privados que representa, capitalizou com a situação de degradação descontrolada do BPC, então o maior banco comercial do país. Por um lado, facilitou o agravamento da crise, através do boicote à restruturação do BPC, do congelamento de operações de crédito (redesconto) e da venda de divisas. Por outro, contribuiu para transformar o Banco Angolano de Investimentos (BAI) no principal banco comercial do país a partir do primeiro trimestre deste ano. Os bloqueios ao BPC causaram uma grande migração de clientes e empresas deste para o BAI, onde têm maiores possibilidades de obtenção de divisas, créditos ou facilidades em kwanzas. O BAI passou a ser o banco que mais recebe divisas do BNA, e que mais recebe depósitos das empresas públicas e das multinacionais petrolíferas.”
Ambas as histórias revelam uma intensa promiscuidade entre Lima Massano e várias operações financeiras obscuras, que colocaram em perigo o sistema bancário angolano. se é que não puseram.
PARTE 2 –Massano fuma “dois mil milhões” de dólares no Banco Económico antigo BESA
(https://www.makaangola.org/2019/08/massano-fuma-dois-mil-milhoes-de-dolares-no-economico/ ).
“Logo a seguir à resolução do Banco Espírito Santo (BESA), em 2014, o Banco Nacional de Angola (BNA) injectou mais de dois mil milhões de dólares no sucedâneo Banco Económico (BE), através de uma operação de redesconto. Este dinheiro esfumou-se e o Estado deverá agora injectar mais 1,2 mil milhões através da Sonangol.
Para justificar esta despesa por parte da petrolífera nacional, o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino de Azevedo, referiu que o aumento da participação da Sonangol no BE “visou atender a orientação do Banco Nacional de Angola (BNA), enquanto órgão regulador”.
José de Lima Massano era governador do BNA à data da primeira injecção de capital no BE (2010-2015) e é-o de novo actualmente, desde Outubro de 2017.
Até ao momento nunca foi dada qualquer explicação pública sobre os mais de dois mil milhões de dólares que o Estado, através do BNA, empregou no BE. Esse dinheiro, concedido como um aprovisionamento temporário, não foi devolvido. Os auditores do BNA pediram explicações sobre esse valor, ao que a liderança de José de Lima Massano reagiu constituindo o referido montante em reserva. Ou seja, o BNA ficou com um papel e o BE ficou com o dinheiro. Pelo meio, entra no cenário a Empresa Nacional de Seguros (ENSA), a quem foi repassada a dívida – outra Maka para os próximos capítulos” ( https://www.makaangola.org/2018/10/massano-e-os-prejuizos-bombasticos-no-bna/ ).
PARTE 3 - Os envolvidos e as estratégias
Fazendo parte de uma agenda e estratégias bem delineadas, José de Lima Massano e foi enviado por Manuel Vicente para licenciar-se em Londres (Licenciado em Contabilidade e Finanças pela University of Salford, Reino Unido, em 1995), onde foi colega e “amigo” de Francisca Massango de Brito (primeira e actual directora da U.I.F. – Unidade de Informação Financeira, desde 2012. Sobre a mesma falarei mais abaixo na PARTE 4), no seu regresso a Angola, poucos meses depois é colocado como Administrador e sem carreira bancária, financeira, justamente com o pelouro de Financeiro e de Operações (transferências bancárias para o exterior). Naquele período não conseguiu realizar os seus intentos porque Paíxão Júnior na altura PCA do BPC não o permitiu, visto que Massano não detinha autonomia absoluta sobre as decisões.
Os interesses financeiros de Manuel Vicente e José Carlos Paiva (accionista e actual PCA do BAI), com a articulação de Rosário Jacinto (actual PCA do Banco Sol) e Francisco de Lemos (Sonangol), ditaram então a indicação de Massano para PCE - Presidente da Comissão Executiva do BAI (2006 – 2010), precedida da e com a rotura de Manuel Vicente com Mário Palhares na altura PCE do BAI. Massano passou a partir daí a exercer o papel de pivô do desenvolvimento e concretização de todas as engenharias financeiras a partir do BAI, que culminaram com a transferência e lavagem de divisas para paraísos fiscais, China, Singapura, Cabo Verde, Bermudas e outras offshores, assim sendo, todas as operações da Sonangol deixaram de passar pelo BPC e canalizadas para o BAI, que passou assim a ser o centro da máfia dando então início ao nascimento dos “marimbondos”.
Por influência de Manuel Vicente e no sentido de concretizar o masterplan e completar a equação (Sonangol, BAI, BNA), foi então indicado José de Lima Massano para Governador do BNA (2010 – 2015), “globalmente, no período louco das divisas (2010-2015), saíram das reservas internacionais um total de 101 mil milhões de dólares, ou seja, 20,2 mil milhões de dólares anuais”, “foram realizadas as maiores transferências na história do país, representando a maior fuga de capitais e evasão de divisas, conforme registos em posse do Maka Angola”. Grande parte destas transferências ocorreram sem o cumprimento dos requisitos legais do Banco Nacional de Angola (BNA). Foi também neste período que se cria o BAI Cabo Verde com também o propósito de desvio de fundos de Massano, Manuel Vicente e outros, culminando também com os mais de mil milhões de USD das AAA.
Foi nesta altura que a Reserva Federal Americana notificou o governo angolano pela saída descontrolada de transferências para o exterior para contas da Sonangol (sem justificativos plausíveis, nem suporte documental), paraísos fiscais e dos “marimbondos”.
https://www.makaangola.org/2020/09/sonangol-o-epicentro-da-pilhagem-de-sao-vicente-parte-2/
Depois que passou a Governador do BNA, usando das prerrogativas inerentes, Massano tendo em conta que tinha operações (transferências de divisas) pendentes no BPC, designou então o seu padrinho Rosário Jacinto como Administrador para a mesma área e pelouros em que esteve antes, Finanças e Operações, desta feita, canalizava as divisas para o BPC e sob responsabilidade de seu padrinho foi então cabimentando e transferindo as operações pendentes.
No mesmo período (2010-2015), introduziu as novas notas do Kwanza (2012) e os leilões diretos de divisas, as novas notas tiveram somente como principal propósito ganhar dinheiro com a sua emissão, por outro lado, pelo tempo que levou a sua substituição (um ano), permitiu aos seus amigos libaneses que nem conta bancária tinham sequer, assim como os marimbondos que guardavam os dinheiros nos contentores, tivessem a possibilidade de obter as novas notas e voltar a colocar nos contentores, descumprindo assim com um dos princípios básicos que seria o de formalizar a economia e controle sobre a massa monetária no mercado. Os leilões diretos de divisas do BNA as empresas, tinha como propósito principal canalizar as divisas para os empresas também de libaneses e seus amigos marimbondos em que se beneficiava de comissões chorudas, em muitos dos casos, mesmo que transferisse algum montante em divisas para os bancos comerciais, acompanhado ao montante seguia uma lista de empresas ou pessoas que deveriam ter acesso as mesmas e quase sempre os mesmos beneficiários.
PARTE 4 – De novo governador do BNA 2017 – até a data atual, o acto final – “Marimbondos” com os “Caranguejos”
Mais uma vez por influência de Manuel Vicente, Massano regressa ao BNA, um dos primeiros actos foi extinguir do BNA a Provedoria Bancária e a Direcção do Controlo do Sistema Financeiro, boicotou à restruturação, iniciada em 2016, dos bancos comerciais de capitais públicos, nomeadamente o Banco de Poupança e Crédito (BPC) e o Banco de Comércio e Indústria (BCI), segundo o Maka Angola “Desde a sua nomeação para o cargo de governador do Banco Nacional de Angola (BNA), em Outubro de 2017, José de Lima Massano suspendeu o processo de reforma do sistema financeiro que estava a ser implementado. Como consequência, quer as autoridades norte-americanas, quer as europeias têm revelado grande cepticismo face às mudanças prometidas pelo presidente João Lourenço. Com efeito, essas entidades condicionam o regresso dos bancos correspondentes e a normalização das transacções em dólares, o que muito tem afectado a economia”. Por causa destes e outros imprompérios de Massano estamos até hoje sem os benditos dólares.
No mandato de Valter Filipe como Governador do BNA - 2015 – 2017, (depois do cartão vermelho já em 2012 no mandato de Massano), estavam todas as premissas criadas e sendo implementadas para o regresso dos bancos correspondentes, que retomariam então as transacções em Dólares Americanos, segundo as recomendações da Reserva Federal Americana, Tesouro Americano, FMI – Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e do GAFI – Grupo de Acção Financeira ( http://www.fatf-gafi.org/media/fatf/documents/recommendations/pdfs/FATF-40-Rec-2012-Portuguese-GAFISUD.pdf ), contra o branqueamento de capitas, financiamento ao terrorismo e tráfico de drogas e de armas. Acto contínuo, para controlar todo o sistema financeiro, consumou a destruição do BPC, tornando o BAI o maior banco em termos de activos porque com a influência de outros marimbondos canalizava mais de 65% das divisas para o BAI e antes já no mandato anterior (2010-2015), mais de 70% dos volumes financeiros provenientes da Sonangol e outras petrolíferas. Destruiu sem apelo e nem agravo os bancos Mais, Postal, BANC e Kwanza Invest, sem ter em conta o sentimento humanista que garantiria a manutenção dos empregos de angolanos, até agora os desempregados do Banco Postal ainda não receberam as suas indemnizações depois de mais de dois anos e isto é responsabilidade do BNA.
José de Lima Massano, fechou o círculo, a equação e a estratégia de controle total do sistema financeiro conforme concebido por Manuel Vicente muitos anos atrás, colocando e mantendo pessoas do seu interesse em instituições e bancos que lhe convinham, assim sendo colocou André Lopes (tinha sido seu Vice Governador no BNA) no BPC, Rosário Jacinto no Banco Sol - PCA do Banco Sol, Luis Filipe Rodrigues Lélis, Presidente da Comissão Executiva do BAI, Mário Nascimento (seu Assessor) na ABANC – Associação de Bancos Angolanos, e manteve Francisca de Brito na UIF – Unidade de Informação Financeira.
Enquanto os comparsas que colocou nos Bancos continuam a facilitar a lavagem de dinheiro proveniente dos contentores e evasão das divisas, tanto dos “marimbondos” como dos “caranguejos”, a ABANC não diz e nem faz nada em defesa dos bancos e a UIF assobia pra o lado.
Como poderia a UIF que nem sequer tem website a funcionar (pelo menos até hoje https://www.uif.ao/ ), controlar o que quer que seja tendo em conta factos aflorados recentemente por funcionários em de denúncia nas redes sociais, conforme se segue :
1 - José de Lima Massano:
- a) - Era o Governador do BNA e vendia em leilão, ao seu belo prazer, as divisas das RIL aos bancos, pricipalmente, ao seu BAI, com o pretexto do fortalecimento do kwanza. Angola neste época perdeu mais de 290 bilhões de dólares.
- b) - Era, em simultaneo, o PCA do maior banco privado-BAI onde passava mais de 80% do dinheiro desviados na Sonangol, na Endiama, nas Empresas de construção de estradas, barragens, na Casa de Segurança, nas FAAs e etc.
- c) - Era o gestor dos fluxos do Tesouro Nacional, através do BNA, com o Ministro das Finanças, onde se opera o negócio da divida publica e dos titulos, para endividar o Estado, através das empresas (hoje mais de 60% da divida do Estado e dos bancos angolanos só o BAI tem mais de 22%). Angola nesta época perdeu mais de 112 bilhões de dólares nos negócios da divida pública.
- Francisca de Brito,
- a) - A Directora da UIF, colega e amiga pessoal de Massano, ambos mandados formar por Manuel Vicente em Londres e funcionários da Sonangol. Foi nomeada pelo próprio Massano para esse cargo e o seu marido vive em Singapura, onde gere os bens do Manuel Vicente.
- b) - Era naquela altura e até agora a directora da Unidade de informação Financeira, responsável pelo combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo - UIF, mas, sua missão real é ser a responsável para sonegar e ocultar as operações de desvio de dinheiro do grupo no sistema.
- c) - Ao longo destes quases 10 anos que dirige a UIF, em que foram desviados bilhões do erário público, ela nunca informou a SIC e a PGR algum desvio de grande dimensão.
- d) - Recebeu comissão do Jean Cláudio Bastos de Morais no negócio da instalação do sistema informático da UIF avaliado em 100 milhões de USD e não funciona, com a comissao que recebeu ela comprou apartamentos na entrada da ilha de Luanda, no DUBAI, Lisboa e Singapura, onde vive o marido e os filhos.”
CONCLUSÃO
Os bancos comerciais não recebem dinheiros em caixas com timbre do BNA uma autêntica mentira de Massano, estas caixas são de uso exclusivo do BNA das duas uma, ou o BNA assim as entregou aos caranguejos e seus amigos, ou permitiu que eles e os amigos ficassem com as caixas antes mesmo de chegarem ao BNA. Todas as operações dos marimbondos e caranguejos Massano tem conhecimento, se diz agora que não tem é porque nunca quis saber, sendo assim conivente de tudo que por aí aconteceu. E já agora uma dica aos serviços inteligência, como o GAFI e o FMI estão interessados em ajudar, contactem a SWIFT na Bélgica, porque nada sai de banco algum em Angola sem conhecimento da SWIFT e autorização do BNA, já que Massano diz que não sabe de nada, se calhar até perdeu os papeis todos.
Por incrível que pareça não se consegue acreditar que o Ministro de Estado para Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, Salomão Xirimbimbi, Secretário do BP do MPLA para Assuntos Económicos não dão conta disto? Até quando se vai tolerar Massano. IGAE, PGR, SIC façam alguma coisa, investiguem.
*Alexandre Manuel Luís