Como há 138 milhões de anos, quando o Brasil começou a se afastar do continente africano, a região conhecida como Chifre da África deve, daqui algumas dezenas de milhões de anos, formar um novo continente.
Apesar de haver divergências sobre o que está causando a rachadura, o mais provável é que as fortes chuvas que caíram sobre o país no mês de março tenham provocado uma atividade geológica que faz com que as camadas mais macias do subsolo fiquem sob pressão e colapsem.
A rachadura apareceu próxima a uma cidade chamada Rift Valley, ou Vale da Fenda, em português, que percorre 3 mil quilômetros, desde o Golfo de Áden, na Somália, e segue sentido sul até o Zimbábue, passando ainda por Etiópia e Tanzânia, além do próprio Quênia. É esse o local de encontro de duas placas tectônicas: a Africana e a Somali.
A litosfera, formada pela crosta e a parte superior do manto terrestre, é dividida em várias placas tectônicas. Elas não são estáticas: estão em constante movimentação, flutuando sobre a viscosa astenosfera. Em situações extremas, essa movimentação pode causar uma ruptura da litosfera, ou um rifte, como é chamado na geologia.
É o que está acontecendo no Vale da Fenda. A situação extrema é causada por uma superpluma, uma espécie de jorro de lava que emerge desde as profundezas do planeta, causando um enfraquecimento da litosfera como resultado do aumento de temperatura e pressão. Além de causar o rifte, o fenômeno também é usado para explicar a topografia anormalmente alta no planalto africano.
O Vale da Fenda, porém, não foi formado todo de uma vez. Foram uma séries de rachaduras que tiveram início na região de Afar, no norte da Etiópia, cerca de 30 anos atrás e se propagou para o sul, em direção ao Zimbábue, a uma velocidade de 2,5 centímetros a 5 centímetros por ano.
Em Afar, o Vale da Fenda é todo coberto de pedras vulcânicas, o que indica que a litosfera é tão fina que pode estar a ponto de romper. Quando isso acontecer, um novo oceano começará a se formar pela solidificação do magma no espaço criado pelas placas quebradas.
Eventualmente, em um período de dezenas de milhões de anos, o oceano vai se espalhar por todo o Vale. Por fim, a África ficará menor, e uma ilha gigante surgirá no Oceano Índico. Embora o processo seja acompanhado de terremotos, na maior parte do tempo ele se dará de forma silenciosa, sem que ninguém perceba.
(Com informações do The Conversation)
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