De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, o presidente executivo do sul-africano Banco Standard, David-Borha, lembrou o aumento do envolvimento no Quénia e na Nigéria nos últimos dois anos e disse que "se a oportunidade surgir em Angola, será feito o mesmo".
Em causa está a antiga participação de Carlos São Vicente na estrutura acionista do Banco Standard Angola, na qual o empresário, através da AAA Ativos, detinha 49%, que passou para o IGAPE depois de ter sido detido e acusado de fraude financeira.
O aumento da participação acionista para a totalidade dos ativos detidos por estrangeiros não era possível quando o banco abriu a filial em Angola, em 2010, mas desde então esta regra foi abolida para algumas indústrias, entre as quais a financeira, lembra a Bloomberg.
A operação em Angola é uma das seis que mais contribui para os lucros operacionais do Standard Bank no continente africano, onde está em 20 países.
Na conversa com a Bloomberg, David-Borha disse que o banco quer expandir as atividades na região que o Fundo Monetário Internacional estima que saia da recessão do ano passado e cresça cerca de 3,2% este ano.
A privatização de algumas empresas públicas na Etiópia e os investimentos no gás natural em Moçambique são algumas das razões para o banco querer aumentar o envolvimento nestes dois países, acrescentou o banqueiro, salientando a ajuda que deu aos países e às empresas na angariação de 2 mil milhões de dólares, cerca de 1,6 mil milhões de euros, no Reino Unido nos últimos dois anos.
O empresário luso-angolano Carlos São Vicente está detido desde setembro, em Luanda, por suspeitas de corrupção, tendo a prisão preventiva sido prolongada, segundo um despacho de 20 de janeiro da PGR por mais dois meses.
Carlos São Vicente está também a ser investigado na Suíça por suspeita de branqueamento de capitais.
O despacho que determinou a prisão preventiva do empresário angolano Carlos São Vicente refere que este levou a cabo “um esquema ilegal” que lesou a petrolífera estatal Sonangol em mais de 900 milhões de dólares (cerca de 763,6 milhões de euros).
De acordo com o despacho a que a Lusa teve acesso na altura, o empresário angolano, que entre 2000 e 2016 desempenhou, em simultâneo, as funções de diretor de gestão de riscos da Sonangol e de presidente do conselho de administração da companhia AAA Seguros, sociedade em que a petrolífera angolana era inicialmente única acionista, terá levado a cabo naquele período "um esquema de apropriação ilegal de participações sociais” da seguradora e de “rendimento e lucros produzidos pelo sistema” de seguros e resseguros no setor petrolífero em Angola, graças ao monopólio da companhia.
A AAA Ativos tinha até setembro do ano passado uma posição minoritária de 49% no Standard Bank Angola, onde o empresário era administrador não executivo.