Marcelo Rebelo de Sousa fez o convite quando foi à posse de João Lourenço em setembro. O "irritante" jurídico-político entre os dois países deixou tudo em suspenso. Mas Marcelo acertou nesta segunda-feira, durante a audiência que concedeu em Belém ao ministro dos Negócios Estrangeiros angolano, que o Presidente da República de Angola visitará Portugal no próximo outono.
"Está fechado. O Presidente de Angola vem a Portugal até ao fim do ano", confirmou fonte oficial ao Expresso. Marcelo e o MNE angolano, Manuel Domingos Augusto, já terão, aliás, trabalhado em datas. Seguro é que João Lourenço só virá depois do primeiro-ministro português se deslocar a Luanda.
A data da visita de António Costa a Angola deverá ser anunciada nas próximas horas, ficando igualmente fechada no âmbito dos contactos que o chefe da diplomacia angolana tem hoje e amanhã em Lisboa. Como o Expresso já noticiou, o mês previsto para a visita do PM é setembro.
Para receber o sucessor de José Eduardo dos Santos, Marcelo - que durante a crise político-diplomática Luanda/Lisboa nunca saíu da sua: "Estamos condenados a entender-nos" - quer preparar um programa "de estadão". Objetivo: não deixar por mãos alheias o peso das relações bilaterais priveligiadas entre os dois países.
Recorde-se que durante o diferendo - que teve na origem o facto de a justiça portuguesa ter travado a transferência do processo movido contra o ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, para Luanda - o Presidente português chegou a patrocinar uma mega conferência de empresários dos dois países em Lisboa, para pressionar as relações políticas. Mas Angola acabou por fazer abortar o encontro, depois de João Lourenço decidir não enviar qualquer representação oficial.
Enquanto deixou em stand by as visitas bilaterais, o Presidente de Angola deslocou-se a Paris, a Berlim e ao Parlamento Europeu. E só depois do Tribunal da Relação de Lisboa ter dado razão às pretensões angolanas e enviando o processo de Manuel Vicente para Luanda, é que o nó se desatou.
António Costa, que esteve meses à espera para marcar a sua ida a Angola. viu, finalmente, o processo desbloqueado. E Marcelo Rebelo de Sousa recebeu a garantia de que Lourenço aceita visitar Portugal.