João Lourenço discursava hoje no parlamento russo, conforme o programa da visita oficial que realiza àquele país da Europa, iniciada hoje e que se prolonga até sexta-feira.
"Estamos hoje sinceramente preocupados com o crescimento da agressão ou ameaça de agressão a países soberanos, com o desrespeito de todos os povos disporem dos seus destinos e com o regresso de posturas autoritárias, racistas e xenófobas em países que dizem reger-se por valores democráticos universalmente aceites", referiu João Lourenço.
Na sua intervenção, de 15 minutos, transmitida em direto pela Rádio Nacional de Angola (RNA), o chefe de Estado angolano disse que as autoridades de Luanda pretendem também continuar com o apoio da Rússia na proteção do ambiente, dos direitos humanos e nas questões migratórias, "que continuam a ser desafios globais".
"Apreciamos, assim, o empenho do Governo da Federação da Rússia relativo a questões que constituem, também para Angola, uma preocupação permanente, como a proteção do meio ambiente, nomeadamente o aquecimento global, a poluição do ar e o dos oceanos e o desmatamento de grandes áreas florestais, entre outros danos", frisou.
Segundo João Lourenço, a inobservância dos compromissos já assumidos a este respeito nos Acordos de Paris, "e em outros não menos importantes", colocam em risco o ecossistema e a própria sobrevivência do ser humano.
"Entre Angola e a Rússia sempre existiu convergência de pontos de vista sobre a situação internacional e foi sempre evidente a nossa posição comum, a favor do respeito da soberania e contra a ingerência nos assuntos internos de todos os Estados e também a favor do diálogo e da negociação pacífica, em detrimento do uso ou ameaça da força como forma de resolução de conflitos", realçou o Presidente angolano.
A nível do continente africano, o chefe de Estado angolano recordou o apoio da Rússia no acompanhamento da crise política e militar na República Democrática do Congo e na República Centro Africana, na questão de segurança do Golfo da Guiné, sempre com o critério do respeito à soberania e não ingerência nos assuntos internos dos países.
"Estamos hoje sinceramente preocupados com o crescimento da agressão ou ameaça de agressão a países soberanos, com o desrespeito de todos os povos disporem dos seus destinos e com o regresso de posturas autoritárias, racistas e xenófobas em países que dizem reger-se por valores democráticos universalmente aceites", expressou.
De acordo com João Lourenço, Angola acompanha "com muita atenção" a gestão de dossiers sensíveis, relacionados com os tratados internacionais de não proliferação de armas nucleares, saudando o recente processo negocial para "resolver de forma segura e definitiva o longo conflito na península coreana, que perdura praticamente desde a II Guerra Mundial".
"Saudamos também os recentes progressos conducentes ao fim do longo conflito na Síria e apelamos para que a diplomacia e o diálogo continuem a ser as vias mais eficazes na resolução das grandes questões fraturantes ao nível mundial", salientou.
"Esperamos ainda que o mundo acorde para a necessidade de se respeitarem as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o conflito israelo-palestiniano, com vista a pôr fim ao sofrimento de décadas do povo palestiniano e a garantir-lhes o inalienável direito de ter uma pátria, um Estado com assento nas Nações Unidas e em outras organizações internacionais", acrescentou.
João Lourenço sublinhou o "papel incontornável" da Rússia na política internacional, quer no eixo asiático, quer no eixo europeu e no Pacífico, dada a sua posição geopolítica."